O poder e a solidão de "Cidadão Kane"

25/05/2019 13:34 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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"Rosebud" é a última palavra proferida pelo magnata da imprensa, Charles Foster Kane, em seu derradeiro momento de vida. O estranho vocábulo é o pontapé inicial para uma série de flashbacks que apresenta a história do poderoso chefão das comunicações, que se tornou um clássico definitivo do cinema mundial.  

Há décadas "Cidadão Kane" (1941) é tido como o maior filme de todos os tempos por estudiosos e críticos do cinema, entretanto o filme não teve grande receptividade no período de seu lançamento. Muito desse entrave ocorreu graças ao boicote promovido pelo verdadeiro magnata, William Randolph Hearst, que claramente se reconheceu no personagem protagonizado por Orson Welles.
Na trama acompanhamos toda jornada do jovem Kane até a construção de seu grande império, desde sua ascensão na imprensa jornalística até sua empreitada na política americana, quando usava os meios de comunicação para influenciar a população. 
Sua notória ambição foi decisiva nos rumos de sua vida tanto no campo profissional quanto na seara pessoal, prejudicando os seus relacionamentos com os amigos e com a esposa. Essa forma de conduzir o próprio destino foi determinante para o seu desfecho solitário.
O roteiro de Orson, que rendeu o único Oscar do longa, trabalha com maestria o desenvolvimento da história construindo pouco a pouco a megalomania de seu protagonista. 
É importante frisar a maturidade do diretor que a época da produção da película tinha apenas 25 anos de idade e este era seu filme de estreia.
Uma das mais famosas injustiças do Oscar reside no fato de Welles nunca ter ganho a estatueta de melhor diretor, mas sua relevância e talento dentro da indústria cinematográfica é referenciada por todos que ali trabalham. Na década de setenta a Academia entregou um merecido prêmio honorário.

A saga de Kane é sua obra mais cultuada e denota a solidão que a busca pelo poder pode trazer. Tal poder deve servir a algum propósito, mas nunca devemos servir ao poder pois se assim acontecer seremos escravos em busca de algemas.

10.0

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