É fato que todo chefe do Executivo teme qualquer reivindicação salarial vinda da área de segurança, especialmente quando feita pelos PMs. Na semana passada o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), encaminhou mensagem de reajuste à Assembleia Legislativa propondo aumento parcelado de 12%, até 2021, aos militares e Corpo de Bombeiros.
E quando o assunto é tratado por outras categorias? Ah, aí a conversa é outra, bem mais demorada, promessas não cumpridas, lideranças não recebidas, mesmo quando o pedido vem de uma categoria como, por exemplo, os fiscais de renda, professores. Se assim é com eles, imagine com os ‘Sapatos Pretos’.
E quem são essas criaturas?
Ora, servidores que não são médicos nem enfermeiros e atuam no setor administrativo – atividade meio - da Secretaria Estadual de Saúde. São cerca de 1300 trabalhadores de nível médio, gente que com 35 anos de trabalho recebe em torno de R$ 1.300, desde que atue na urgência ou emergência. E quem tem nível superior, se tiver carga horária de 30 horas, o vencimento é de cerca de R$ 3 mil.
Nos governos Ronaldo Lessa e Téo Vilela existiram discussões sobre o plano de cargos e carreiras. Muita conversa, negociação que se estende até hoje, mas não é encaminhada aos deputados estaduais.
Até que o atual governo, no ano passado, regulamentou uma lei e implantou a progressão retroativa a 2013. O problema é que até agora apenas 16 ‘Sapatos Pretos’ receberam a metade do retroativo, com valor limitado a R$ 5 mil.
A situação só chegou ao quadro atual por conta da falta de lideranças e consequente desmobilização da categoria. Algumas reuniões estão começando a ocorrer. A ideia é construir, achar quem os represente, quem os lidere para serem ouvidos.
O que os ‘Sapatos Pretos’ querem é um pouco daquilo que os homens de coturno já conseguiram.
Caso contrário os protestos podem começar.