Após investigações e avaliações de psicólogos, pedagogos e assistência social, a Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DP/AL) garantiu absolvição do treinador de uma escolinha de futebol, do município de Arapiraca, da acusação de estupro de vulnerável, registrada em maio do ano passado.
Conforme divulgou a Defensoria, nesta quarta-feira (1), Ivanildo Nunes da Silva, 71 anos, foi acusado injustamente de estupro e, por isso, absolvido na tarde de ontem (30), pelo juiz da juiz da 1ª Vara/Infância Criminal e Execuções Penais, Alberto de Almeida.
A inocência do treinador foi comprovada por meio de laudos de especialistas e do testemunho da vítima, um garoto que era aluno da escolinha, que apontaram que o abuso não aconteceu.
O defensor público, André Chalub Lima, explicou que, na época, a criança foi levada para a delegacia sem a presença do pai, que contou a defensoria que ao chegar à delegacia o menino já estava prestando depoimento e que as palavras do filho foram distorcidas.
Chalub também ressaltou que os pais do menor sequer foram ouvidos como testemunhas e que a própria criança negou, em diversas oportunidades, que o abuso tivesse acontecido.
A defensoria ressalta que laudos feitos por uma psicóloga, uma pedagoga e uma assistente social, após avaliar a vítima, afirmam que a criança não apresentou em suas atividades diárias nenhum comportamento ou situação que se correlacione com o acontecido. Além disso, as profissionais também observaram que o menino deseja voltar às atividades diárias com o treinador.
“[A criança] demonstra suas emoções de forma coerente e não apresenta fantasias nem vivências que possam sugerir fuga do sofrimento”, aponta um dos laudos.
A defensoria também observou que, além do depoimento da criança, não houve relatos ou surgiram novas vítimas no decorrer do processo, situação comum em casos que envolvem abusadores em série.
Em razão da clareza das provas que demonstravam a inocência do acusado, o Ministério Público concordou com o pedido de absolvição feito pela Defensoria Pública e o juiz concluiu pela improcedência da denúncia e absolveu do réu.
Na época, a Polícia Civil divulgou imagens e informações de que a criança teria confirmado o abuso e contado, inclusive, que o senhor ofereceria dinheiro em troca do silêncio dele sobre os abusos. Segundo a Defensoria, devido à exposição indevida de sua imagem por agentes públicos, o professor foi vítima de linchamento social.
O caso
Em março do ano passado, o treinador de futebol Ivanildo Nunes da Silva, de 72 anos, foi preso após um suposto flagrante de abuso sexual contra um de seus alunos, ocorrido durante o treino no Parque Ceci Cunha, em Arapiraca.
Em testemunhos posteriores e entrevistas com profissionais da área de psicologia, pedagogia e assistência social, o menino negou o abuso, esclarecendo que ficou confuso com todo o tumulto, no dia do suposto flagrante, e com as perguntas e afirmações feitas pelos policiais no caminho para a delegacia e o durante o primeiro depoimento.
Segundo a criança, o treinador sempre dava dois reais a todos os seus alunos após os treinos para que eles comprassem “flaus”. O idoso também tinha o hábito de massagear as mãos dos estudantes quando eles caiam ou se machucavam, como forma de ajudar a “curar”. Na ocasião, o fato teria sido confundido com um abuso.
O depoimento da criança foi confirmado pelos seus pais, outras crianças e testemunhas.
Devido à divulgação de imagens, o professor foi vítima de constrangimento pela polícia civil, com divulgação de sua imagem pelos policiais que estavam investigando as denúncias.