ALERTA DE SPOILERS

Depois de uma longa espera finalmente a ameaça dos caminhantes brancos e seu exército de mortos chegam a Winterfell para a batalha esperada por todos.

O episódio teve um bom início com o retorno de Melissandre, a bruxa vermelha, mas quando a batalha começa de fato a imagem escurece e impede uma boa visualização do espectador e compromete a experiência. O embate virou uma confusão de grunhidos e mortes difíceis de discernir. A falta de luz em cenas tão importantes só me faz deduzir que foi uma tática da produção para esconder efeitos não tão especiais do episódio.

Infelizmente esse não foi o único problema desse terceiro capítulo. No intuito de criar tensão e mexer com expectativa do público sobre a vida dos personagens, os roteiristas abusaram do recurso chamado "Deus ex machina", em que personagens se salvam de uma situação extremamente desfavorável através de uma solução milagrosa.

Jon, Daenerys, Jaime, Brienne, Sam, Arya, Bran, todos se salvam diante do improvável. À medida que fui percebendo o uso exagerado do recurso, deixei de temer pelo futuro daquelas pessoas e a tensão inicial caiu vertiginosamente.
Se o roteiro tinha a intenção de preservar todas as peças principais do jogo não precisava inserir tantas situações inverossímeis. 

Outro ponto que me incomodou bastante foi a lentidão de algumas cenas como por exemplo o momento em que Arya se esconde dos mortos. A referida sequência se prolonga além do necessário, assim como nos minutos finais quando o Rei da Noite se aproxima de Bran quase em camera lenta, e a trilha sonora melancólica parece não ter fim. 
O desfecho vem mais uma vez com uma solução que surge do nada, pulando não sei de onde.

Os temidos caminhantes brancos fizeram figuração e não tivemos nenhum confronto corpo a corpo entre humanos e os asseclas mais poderosos do Rei da Noite.

Jon Snow, novamente desperdiçado e com pouco a fazer, ganha formas de coadjuvante. A única personagem bem trabalhada no episódio é Arya, que desfila tudo o que aprendeu contra os inimigos.

Meu elogio fica restrito a ela e ao inferno de Dante criado em Winterfell. A mistura de fogo, gritos e mortos era como um pesadelo infernal em busca de novas almas para atormentar.

Agora, resolvida a questão do inverno que durou oito temporadas para chegar, as atenções se voltam para a luta pelo trono de ferro. Confesso que após um episódio tão problemático, começo a acreditar em um final agridoce para "Game of Thrones". Talvez a série esteja padecendo do mesmo mal de Jon. Falta coragem, atitude e impulsividade.

6.0

*Menção honrosa para a pequena valente Lyanna Mormont

*Disponível nos canais HBO