O ex-funcionário da Câmara Municipal de Maceió, Benício Vieira de Lima, acusado estupros em série contra menores, deve responder a quatro processos penais. Desses quatro, três já foram identificados como crime de estupro, sequestro e roubo majorado. O quarto processo, que ainda não foi divulgado, deve ser finalizado ainda nesta segunda-feira (22).

As informações foram confirmadas pelo Promotor de Justiça, Lucas Sachsida Carneiro, durante coletiva à imprensa realizada na sede do Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL).

De acordo com o promotor, o MP/AL está estudando cada caso com cuidado. “Existem mais cinco inquéritos a chegar e a gente sabe que tem muitas outras vítimas por aí, sendo ele um estuprador em série que atua há quase 15 anos [...] cada vítima, cada processo, cada crime vai ser tratado individualmente pelo Ministério”, alegou Lucas.

O promotor ainda destacou que acredita que existam outras vítimas do ex-funcionário da Câmara e que as vítimas procurem o Ministério Público ou a Delegacia de Polícia para denunciar os abusos. “O crime de estupro prescreve em 20 anos. Se a vítima for criança ou adolescente, esse prazo de 20 anos só começa a partir do momento em que ela completa a maioridade. Então, existe muito tempo. O importante é que venham para que a gente possa fazer justiça”, explicou.

Conforme Lucas Carneiro, a pena do ex-servidor vai depender da somatória de vítimas.  “A princípio já chega a 103 anos de pena máxima em três processos, mas ainda temos muito mais”, contou.

Modus Operandi

Questionado sobre como Benício agia, o promotor explicou que os processos são idênticos. “Depois do estupro, ele levava a vítima de volta ao lugar e, no caminho, ele sempre se desculpava. Ele não é uma pessoa mentalmente incapaz. Ele entendia a gravidade do que fazia e pedia desculpa às vítimas. Em alguns casos houve roubo. Ele ameaçava [as vítimas] e roubava o celular”, contou.

Reconhecimento

Para chegar à identidade do acusado, Lucas informou que através do projeto do Ministério Público chamado Abuso Sexual: Notificar é Preciso, os profissionais médicos analisaram que haviam casos parecidos. “Após perceber isso, atendendo uma das vítimas, foi comunicado à polícia, que fez um trabalho de investigação e conseguiu chegar a ele por meio de reconhecimento pessoal e de imagens”, contou.

O promotor ainda disse que Benício se mostrou um estuprador em série, com todos os padrões desse tipo de criminoso. “Ele agia de forma igual em todos os casos. Ele abordava as vítimas em plena via pública e perguntava sobre uma igreja. Essa vítima dizia onde era a igreja, ele mostrava a arma e, sob ameaça, colocava a vítima no carro. Ele encapuzava ou vendava os olhos, levava até um local e ali praticava os estupros”, explicou Lucas.

Carro da Câmara

Perguntado sobre o uso do veículo da Câmara Municipal, o promotor informou que o Ministério Público e a promotoria respectiva do patrimônio público podem analisar a questão do prejuízo hierárquico por usar carro público em benefício próprio. “Com certeza, isso vai pesar negativamente na hora de dosar a pena numa condenação final”, explicou.

 

*Estagiárias sob supervisão da editoria