"Ele está fomentando a discórdia. É a antítese do que um presidente quer para o seu governo. Ele não pode sair por aí dizendo qualquer coisa polêmica, às vezes fora da realidade, que pode até ser a opinião pessoal dele, mas não é a do país", diz o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre o presidente Jair Bolsonaro.

O futuro relator da reforma da Previdência Social também afirma que o presidente prejudica politicamente o seu próprio governo e as futuras votações: "A primeira dificuldade vem do próprio governo, com bate-cabeças e bobagens ditas e feitas pelo presidente. Parece que Bolsonaro ainda não assumiu o papel de presidente da República do Brasil".

Ao Valor, o senador avaliou o governo do PSL como formado por vários grupos que não se suportam e têm opiniões diferentes. “O [ministro da Economia] Paulo Guedes traz uma agenda liberal, de forte abertura do Brasil ao comércio exterior. Uma política evidentemente globalista. E vem um outro, que é ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo], fazendo discurso antiglobalista e influenciado por um filósofo, Olavo de Carvalho, com ideias absolutamente fora do padrão".

Ele também declarou que o PSDB não irá se tornar um partido de direita e que “Esse espaço da direita está ocupado pelo PSL e pelo Bolsonaro. Não é nem nunca foi nosso. O nosso, mais do que nunca, é o da social-democracia", diz. A questão dos costumes, na qual a agenda do PSL e do presidente é notadamente conservadora, é uma diferença clara, aponta. "Nosso espaço é este, uma visão liberal na economia, bastante liberal nos costumes e que vê o Estado como elemento regulador e atuante na questão dos desequilíbrios sociais".