Com efeitos especiais incríveis "Alita: Anjo de Combate" evoca "O Mágico de Oz", mas soa incompleto
"Não há lugar como o nosso lar"
Produzido por James Cameron, o Midas dos blockbusters, "Alita - Anjo de Combate" (2019) é a adaptação cinematográfica do mangá "Alita: Battle Angel". A ficção científica tem direção de Robert Rodriguez, que optou por uma protagonista criada a partir da captura facial da atriz Rosa Salazar e de tecnologia semelhante a que foi usada em "Avatar" (2009).
O elenco de apoio é estrelado, mas deixa a sensação que está pagando favor aos realizadores do longa. É o caso de Jennifer Connelly, Mahershala Ali e Christopher Waltz, este ligeiramente mais a vontade no papel.
Diante desse time de astros, por incrível que pareça, quem se destaca em nuances interpretativas é justamente a personagem criada pelos efeitos especiais. Alita tem emoções humanas e seus sentimentos são vivos. Percebemos suas dores, medos e anseios de acordo com o desenlace da história. É por falar nisso, a trama traz um futuro distópico após uma guerra de proporções mundiais que resumiu o planeta em uma grande favela, enquanto um paraíso suspenso abriga os mais abastados.
Nessa triste realidade, Dr. Dyson Ido (Christopher Waltz) encontra a ciborgue Alita em meio a um ferro velho. Recuperada, mas sem memória, a "jovem" precisa encontrar seu lugar no mundo e entender suas origens.
Apesar da premissa interessante, o roteiro assinado por Cameron e Rodriguez é frouxo e repleto de distrações desnecessárias, que tiram a atenção da jornada pessoal da protagonista. Um exemplo pontual é a inserção de um jogo cujo único propósito é acrescentar mais cenas de ação, mas de nada serve para avançar na narrativa.
Essas cenas, inclusive, são abundantes e de extrema qualidade, porém a ação deve estar em função do roteiro e não o inverso.
Outros detalhes interessantes que percebi foram as referências ao clássico "O Mágico de Oz" (1939). Assim como Dorothy, Alita foi parar em um lugar diferente e precisa lidar com sonhos e frustrações para aprender que o melhor lugar para estar é onde estão as pessoas que ama. O cachorrinho e o bar chamado Kansas são as referências mais explícitas, mas as constantes menções a importância do cérebro, coração e coragem também marcam o longa.
Ao final, "Alita: Anjo de Combate" me pareceu mais preocupado com possíveis sequências do que a finalização satisfatória da história apresentada. Esqueceu que o futuro depende do presente.
6.5
*Disponível nos cinemas
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