Cinebiografia do cantor Erasmo Carlos aposta nos sucessos, mas fica devendo em rebeldia - "Minha Fama de Mau"

18/02/2019 11:24 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Inicio a resenha com a seguinte constatação: "Minha Fama de Mau" (2019) é muito mais "Jovem Guarda" do que "Rock 'n' Roll". Com os defeitos e qualidades que isso possa significar.

O filme, dirigido por Lui Farias, começa com um ar debochado e quebra da quarta parede, ao bom estilo Ferris Bueller ("Curtindo a Vida Adoidado"). A edição é criativa e nos conta os primeiros passos do Tremendão, como a jornada de um herói dos quadrinhos. Assim, de cara, deu para perceber que a cinebiografia adotaria o tom leve e irreverente das matinês, cujo único objetivo é divertir o público e fazê-lo cantarolar os sucessos do músico. 

Os hits, como previsto, empolgam o público e revigoram o longa constantemente.

A escolha do elenco mostrou que a última preocupação da produção foi escalar atores fisicamente parecidos com as personas reais. 
Chay Suede definitivamente não guarda semelhanças com Erasmo, mas tem méritos ao tentar se aproximar do timbre de voz do cantor e dispensar o playback do Tremendão nos números musicais. Nesses momentos ouvimos a voz gravada do ator que encaixou bem nas canções. O ator também entrega boa interpretação e o carisma que o protagonismo pede.
Já o colega de cena Gabriel Leone resume sua versão do Rei Roberto Carlos em uma coleção de sorrisos largos e mudanças de penteados. Personagem importante na vida de Erasmo, o parceiro de composições foi mostrado de forma bidimensional e a amizade vista em tela não passou a intensidade que deveria. 
Talvez, esse deveria ter sido o pilar do filme. Percorrer a trajetória de Erasmo Carlos pautando suas fases nas amizades estabelecidas. Com o inesquecível Tião Maia, quando o sucesso ainda era um sonho e com Roberto, quando a parceria se fortaleceu e se solidificou após os momentos difíceis da vida.

Mas essa é apenas a opinião de um espectador que se emociona com as grandes amizades. Aquelas que preenchem páginas e contam histórias de risos, lágrimas, dores e amores. Por isso, mesmo que você não enxergue Erasmo e Roberto na cena em que o Rei compõe "Amigo" para o seu camarada, pense naquela pessoa querida que materializa os sentimentos daqueles versos e amplifique o momento. É o que devemos fazer com aquilo que faz bem.

6.5

*Em cartaz nos cinemas

*Instagram para contato: resenha100nota

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