Primeiro filme a vencer o Oscar, "Aurora" se mantém vivo como um poema do cinema mudo

04/02/2019 09:17 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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A vida não é feita apenas de boas escolhas. Ao tomarmos uma decisão, precisamos aceitar as consequências do caminho escolhido e lidar com as mudanças.
Em "Aurora" (1927), clássico do cinema mudo dirigido pelo alemão F. W. Murnau, um homem casado é convencido por sua amante a assinar a esposa e fugir para a cidade grande, mas no último instante se arrepende e tenta reconquistar o amor da mulher.

"Aurora" é o primeiro filme hollywoodiano do cineasta, que ganhou fama pelos trabalhos calcados no expressionismo alemão. Vencedor de três Oscar, o filme está sempre presente entre os dez melhores filmes da história, segundo as listas mais respeitadas do cinema. Grandes nomes como Martin Scorsese, John Ford e François Truffaut já elegeram o longa de Murnau no topo de suas preferências e um verdadeiro "poema visual".

Apesar de se tratar de um romance, Murnau imprime sua marca e traz elementos do expressionismo que caracterizam sua filmografia pregressa. Sombras, ambientes distorcidos e movimentos de câmera inovadores, engrandecem o filme e consolidam "Aurora" como uma obra extremamente influente.

A história, relativamente simples, é uma espécie de renascer de um casal, após a fraqueza de um homem que, ao tentar cometer assassinar a esposa, sofre o martírio da culpa.
A cena da igreja é emblemática e as imagens falam por si. Fazer sofrer a quem nos ama é infligir a si mesmo o fracasso das responsabilidades do coração.

Remediar a tragédia anunciada, nem sempre é possível. Às vezes, abrir uma janela é suficiente para que a sedução das palavras e fantasias nos faça esquecer daquilo é real e quando menos percebemos já estamos presos numa armadilha que nós mesmos armamos. Quando a fantasia se desfaz - e ela sempre se desfaz - resta o campo seco, onde antes o verde se perdia com o horizonte. 
Mas, felizmente o sol nasce diariamente esperando o nosso despertar. Quanto mais cedo enxergamos a terra improdutiva, logo voltamos a caminhar em direção a novos campos e colinas. Lugares em que poderemos aplicar o aprendizado das más escolhas para colher os frutos da maturidade. 
No passado ficam arrependimentos e desculpas nunca ditas, mas que servem de adubo para um futuro fértil.

*** "Aurora" foi o vencedor da primeira edição do Oscar. Ná época, a cerimônia premiou "Aurora" como Melhor Filme (Produção única e artística) e "Asas", como Melhor Filme (Produção).

8.5

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