"American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace" - Série vai além da figura do estilista para desnudar os crimes silenciosos da sociedade

30/01/2019 11:32 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Após a bem sucedida temporada que abordou o julgamento do ex- jogador de futebol americano O.J. Simpson, acusado de matar a ex-mulher e seu companheiro, chegou a vez da série de antologias "American Crime Story" transpor para a tela o homicídio do famoso estilista Gianni Versace.

Ryan Murphy, criador da série, pregou uma grande peça no público, atraído pelo caso e pela história de Versace. A produção, que recebe o título de "American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace", na verdade deveria se chamar "O Assassino de Gianni Versace". A mudança parece sutil, mas seria mais honesta com o conteúdo da série.
Aqui, o crime que ganhou manchetes pelo mundo é apenas pano de fundo para conhecermos a gênese do assassino Andrew Cunanam, levantar reflexões sobre a homossexualidade da época e todo preconceito e estigmas sociais.

O enredo assume o protagonismo de Andrew e desenvolve uma persona cheia de camadas, que vamos descobrindo aos poucos. O jovem ambicioso foi criado para ser alguém especial, amado e acima de tudo, lembrado. Trilhou um caminho de frustrações e tentou assumir outras identidades, menos a própria. Inteligente, mas destruído emocionalmente desde jovem, Andrew foi vítima dos sonhos que no fundo nem eram os seus.
O roteiro também foi acertivo com os dramas pessoais dos personagens secundários. O marinheiro Jeff, o promissor arquiteto David e Antonio D'Amico, companheiro de Versace. Cada qual enfrentou seus próprios dilemas por conta da sexualidade e a série trata o tema com a devida sensibilidade.

O elenco está impecável, repleto de grandes atuações, incluindo a participação do cantor Ricky Martin, que se sai muito bem em um papel difícil. Darren Criss faz um trabalho excepcional gerando empatia e desconforto no espectador, quase na mesma proporção. Você odeia seus atos, mas não deixa de sentir pena ao conhecer seu passado.

As idas e vindas das linhas narrativas que saltam a cronologia dos eventos se torna cansativa a partir da metade da série. Como já mencionei no início, a história do estilista ficou pequena quando comparada a de seu algoz, e isto não deixa de ser um problema.

Entretanto, a virtudes superam as falhas e fazem desta temporada de "American Crime Story" uma experiência provocadora, que desvela preconceitos e tabus.

8.0

*Disponível na Netflix

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