"Creed II" é um nocaute emocional para manter a franquia de pé

28/01/2019 16:17 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Após ganhar o título mundial de boxe de sua categoria, Adonis Creed, herdeiro do lendário Apollo, é desafiado pelo filho do homem responsável pela morte de seu pai, o boxeador russo Ivan Drago (Dolph Lundgren).
Vivendo o esquecimento na Ucrânia e renegado pelo seu país de origem, Drago e seu filho encontram a chance de recuperar o respeito quando o promotor de lutas, Buddy Marcelle tem a ideia de promover a luta das novas gerações. Mesmo sem a benção de Rocky, seu treinador, Adonis segue seus impulsos de lutador, enquanto acontecem transformações significativas em sua vida pessoal.

O roteiro de "Creed II" (2018) é como uma viagem por um lugar conhecido que sempre deixa saudades. Você já sabe o caminho, mas ele nunca deixa de te emocionar. 
Ryan Coogler, que comandou o primeiro longa derivado da franquia "Rocky", dessa vez apenas produziu, deixando a cadeira de diretor para Steven Caple Jr., que conseguiu manter a qualidade do filme anterior e acrescentar sua própria marca. 
De cara, antagonista escolhido foi um acerto, pois imediatamente torna o embate pessoal para ambos os lados. 
Michel B. Jordan continua muito bem como o jovem, que apesar dos êxitos, vive em constantes conflitos internos. Os dilemas de Viktor Drago (Florian Monteanu) e seu pai também geram empatia, mesmo com o desvio de caráter de Ivan, mas o ator escolhido para viver o boxeador novato tem sérias limitações como ator.
Rocky e Drago, velhos rivais, trazem a nostalgia de uma luta épica, que agora assume as vezes da famosa guerra fria, pois eles sabem que o bastão já foi passado adiante.
Stallone, mais uma vez, mostra que Rocky é o personagem de sua vida. Icônico, guerreiro, solitário, mas, acima de tudo, um sobrevivente.
Suas cenas são emocionais (destaque para uma cena no hospital), e a idade trouxe a sabedoria da simplicidade, mesmo que ainda cometa alguns erros. Ele sabe que os holofotes não o pertencem mais, e que o momento é da nova geração, e isso nunca parece incomodá-lo. Sua saudade tem outro nome: Adrien.
Do lado de fora do ringue, ele volta a lutar através do ensinamentos, calcados em golpes e palavras.
O treinamento é intenso, o protagonista ganha força e o som aumenta.
A trilha sonora do longa é sensacional e encaixa perfeitamente em cada momento em que é inserida. A ressurreição de Creed no deserto é embalada por uma música evocativa que cresce com o boxeador, digna de figurar ao lado do hino "Eye of the tiger", presente em Rocky III.

Quando finalmente chegamos no combate final, já sou mais um na torcida, sofrendo com os jabs e a entoar o coro para o protagonista levantar. É o momento da superação em que sobe a famosa trilha sonora de Rocky.

Emocionado e envolvido com a história, eu volto a ser aquela criança em frente a TV, vibrando pelo homem simples que luta pela família, pelos amigos e pela vida.

Assim, a franquia continua mostrando que nunca se tratou de vitórias, mas sobre aguentar as pancadas e se manter de pé. 

Ótimo filme, ótimas lições.

9.0

*Em cartaz nos cinemas Cinesystem

*Instagram: resenha100nota

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