"Green Book: O Guia" - Mahershala Ali e Viggo Mortensen desafiam o preconceito em road movie favorito ao Oscar

25/01/2019 14:14 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Favorito a levar o prêmio de Melhor Filme no Oscar 2019 (seu grande concorrente é "Roma", de Alfonso Cuáron), "Green Book: O Guia" (2018) é um road movie que se constrói através de uma amizade improvável e fala sobre racismo e inclusão social.
A trama nos traz a história real do ítalo-americano Tony Lip (Viggo Mortensen), que passa a trabalhar de motorista e segurança para o músico negro Don Shirley (Mahershala Ali), em turnê pelo Sul do país.

O tal Green Book, que dá nome ao filme, nada mais é do que o roteiro da segregação racial pelo Sul dos Estados Unidos. Mas a geografia do preconceito não estava apenas naquela região. O longa faz questão de mostrar que, mesmo velada, a intolerância pela cor da pele alcançava toda a América.
A turnê pelo sul apenas deixou explícita a segregação e o fomento de estereótipos dos negros, pelos olhos dos brancos. Shirley é tratado com a gentileza incômoda de seus anfitriões, que não estavam acostumados a receber um homem negro a mesa.
Esses momentos são extremamente melancólicos e desconfortáveis, pois sabemos que faz parte de um período recente da história e que ainda não foi totalmente extinto. Por isso, as cenas em que o pianista e Tony dividem suas experiências e trocam lições inconscientes, são um respiro agradável.
A sinergia entre Mahershala e Viggo é intensa e garante diálogos arrebatadores, em interpretações dignas de todos os elogios. O roteiro também é merecedor de aplausos, apesar de flertar com alguns clichês.
Tony tinha uma ideia pré concebida sobre os negros e Don Shirley fazia questão de se afastar do senso comum. Ele não ouvia música de artistas negros, refinava seus gostos de acordo com a cultura branca americana e frequentava apenas a alta classe. Seus dois companheiros de banda, que viajam sozinhos em outro carro, nitidamente não buscavam interação com o pianista.
Tony, por sua vez, dirigia pela estrada enquanto sua admiração pelo músico ia crescendo a cada cidade em que passavam. As cartas que enviava para esposa deixa claro que o racismo do motorista ia caindo gradativamente sem ele ao menos perceber.
Nessa road trip de opostos, as afinidades floresceram quando o respeito mútuo assumiu o protagonismo da história.

"Green Book" nos mostra que a gentileza bruta, meio sem jeito de Tony, é um sentimento mais nobre do que maldade gentil de uma sociedade retrógrada.

Já ganhou minha torcida na corrida pela estatueta dourada.

"O mundo está cheio de pessoas solitárias com medo de dar o primeiro passo."

9.0

*Em cartaz nos cinemas Cinesystem

*Instagram: resenha100nota

 

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