Diretor Shyamalan repete erros no suspense "Vidro"

23/01/2019 17:35 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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***ALERTA DE SPOILERS***

SUGIRO QUE VEJAM O FILME ANTES DE LER A RESENHA, POIS CONTÉM GRANDES SPOILERS QUE PODERÃO ESTRAGAR A SUA EXPERIÊNCIA

 

Após a cena final, vista em "Fragmentado" (2017), que ligava o filme com os eventos de "Corpo Fechado" (2000), o público ficou ansioso para ver o confronto entre a "Horda" de personalidades, lideradas pela "Fera" (James Macvoy), e o super humano, David Dunn (Bruce Willis).Outra atração prometida era a volta do maquiavélico "Mr. Glass" (Samuel L. Jackson). Tudo isso criou uma grande expectativa em torno de "Vidro" (2019) e jogou a responsabilidade do diretor M. Night Shyamalan nas alturas.

O filme tem início com a perseguição silenciosa de David para encontrar o vilão de múltiplas personalidades. Quando finalmente consegue encontrar a "Fera" e salvar as reféns, os dois são encurralados pelas autoridades e levados a um manicômio judicial, onde serão analisados pela Doutora  Ellie Staple (Sarah Paulson). Lá eles se juntam a outro famoso paciente, Elijah Price, que passou a ser conhecido como Mr. Glass, após os atentados mostrados em "Corpo Fechado".

Firmando sua base nesse triângulo de personagens, tive a impressão que o longa enfraqueceu justamente o vértice que deveria ser o ponto forte. Dos três pilares, David foi quem recebeu menos destaque do roteiro, frustando boa parte do público que esperou pela volta do herói. 
A exploração exagerada das várias faces de Kevin (James Mcavoy) ficou tão repetitiva que tirou boa parte do impacto das transformações, apesar do trabalho impecável do ator. Elijah, cujo codinome intitula o filme, age nos moldes das grandes mentes do crime. Manipula, simula e dissimula para conseguir atingir seus objetivos secretos e talvez seja o personagem mais harmônico dentro do enredo.
Este, por sinal, padece de um mal recorrente na filmografia do diretor indiano: desfecho frustrante.

Apesar do primeiro ato bem desenvolvido expondo as fraquezas dos personagens e confinando-os em um ambiente que testa suas crenças, o longa de Shyamalan insiste em explicações desnecessárias e a todo instante busca o paralelo com as histórias em quadrinhos de maneira pouco sutil. O suspense e a ameaça nunca se materializam efetivamente, como nos filmes anteriores da trilogia e a tensão vai se dissolvendo até o terço final. 

(AVISO DE SPOILER!!!!)

O embate de super humanos ficou bem aquém das expectativas e o trio foi tragado de maneira simplória. É inaceitável ver o herói por quem torcemos morrer afogado numa poça d'água (!!!), em prol de um roteiro que parece ter gasto toda criatividade na reviravolta final. Até entendo que não podemos ir ao cinema querendo que o filme retrate o script que temos na cabeça, mas esperamos pelo menos que os personagens tenham finais dignos. 
Por isso, "Vidro" perde bastante quando comparado ao excelente "Corpo Fechado" e ao surpreendente "Fragmentado".
Não está entre os piores, tampouco ente os melhores, situando-se ligeiramente abaixo da média, porque ninguém mata o Bruce Willis numa poça d'água e fica impune.

6.5

*Em cartaz nos cinemas Cinesystem

*Instagram: resenha100nota

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