Nova temporada de "Narcos" vai ao México e série perde o fôlego

19/12/2018 13:00 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Após três temporadas focadas no narcotráfico colombiano, "Narcos" muda de ares e dirige os holofotes para o México, como o epílogo anterior já denunciava. 

Ainda no período de pré-produção um terrível acontecimento abalou a equipe da série e impactou diretamente no arco que seria apresentado. 
O assassinato de um membro da equipe técnica, que procurava locações para as filmagens da série em solo mexicano, materializou o perigo visto nas telas e a insegurança gerada pelo crime fez com que o intérprete do agente Peña (Pedro Pascal) abandonasse a produção.
Deste modo, a trama precisou ser reajustada e o foco foi direcionado para outra figura conhecida do mercado das drogas: o mexicano Miguel Ángel Félix Gallardo, conhecido como El Padrinho. Assim, El Chapo, esperaro pelo público, seria deixado para depois.
Félix, ajudou a organizar o narcotráfico no México e criou um império ao elevar o nível de distribuição de maconha para os Estados Unidos e ao se associar aos colombianos no transporte de cocaína para a terra do Tio Sam.

Depois de acompanhar os chefões dos grandes cartéis de Medellín e Cali, recheados de carnificina, terror e medo, tive a impressão que "Narcos: México" foi uma temporada mais suave, menos densa. El Padrinho, apesar de visionário, representou nesta temporada mais um articulador de negócios do que uma presença ameaçadora.
Não conheço profundamente a história real, por isso me baseio apenas nos traços apresentados pela série.
Diego Luna interpreta um protagonista que está sempre um semblante preocupado, reticente com as decisões tomadas e a procura de um lugar à mesa entre os líderes do mercado das drogas.
Já Michael Peña dá vida ao agente de combate às drogas do DEA, Kiki Camarena, personagem determinante do enredo. A escolha de Peña para o papel não me pareceu muito acertada. Depois de três temporadas seria impossível não compará-lo com o policial vivido por Pedro Pascal, pois ambos acabam possuindo a mesma função narrativa na série. O resultado da comparação acabou ficando extremamente desfavorável para Michael Peña, pois sua imagem passa uma fragilidade que não condiz com as atitudes do personagem, por quem o público acaba nutrindo compaixão, ao invés de confiança.
O roteiro investe em alguns conflitos de pouca importância, mas no geral se mantém atento aos caminhos do Padrinho e Kiki. O ritmo não oscila, mas segue morno até os últimos episódios, quando aumenta os níveis de adrenalina e finalmente começamos a nos importar.
Mesmo assim, "Narcos: México" me pareceu um pálido descanso, após a densidade colombiana. 
O problema é que não queremos voltar quando já estamos no alto da escada.

6.0

*Disponível na Netflix
 

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