"Operação Overlord" é uma divertida mistura de gêneros com a alma dos filmes B

17/11/2018 10:49 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Dirigido por Julius Avery, "Operação Overlord" (2018) poderia facilmente fazer parte da filmografia de Robert Rodriguez, ao lado do cult "Um Drink no Inferno", de 1996.

Assim como no filme de roubo que se transforma em um banho de sangue com vampiros assassinos, "Operação Overlord" mistura gêneros e o resultado é uma divertida aventura de terror com clara inspiração nos filmes B do cinema.
Tais filmes foram criados pelos estúdios entre as décadas de 30 e 40 para completar uma sessão dupla de exibição e angariar mais público aos cinemas. Geralmente possuíam um orçamento mais modesto, não contavam com as grandes estrelas da companhia e suas tramas giravam em torno de ficções científicas, terror e alguns faroestes.
O termo "Filme B" acabou se popularizando e mesmo com o fim das sessões duplas, continuou a ser utilizado para nomear produções de baixo orçamento e temática fantástica.

Em "Operação Overlord" a referência é evidente e bem executada. O enredo acompanha um grupo de paraquedistas com a missão de derrubar uma torre numa pequena cidade dominada pelos alemães em plena segunda guerra mundial, mas eles acabam descobrindo que os nazistas estão escondendo terríveis segredos. 

Os primeiros minutos do longa são frenéticos e mostram o pouso forçado dos soldados em terras inimigas. Quando os sobreviventes conseguem abrigo na casa da destemida Chloe, passamos a conhecer melhor a personalidade dos personagens. Temos o protagonista Boyce (Jovan Adepo), cuja moral é maior do que suas habilidade militares, Ford (Wyatt Russel), líder da equipe e obstinado com a missão, e a já citada Chloe (Mathilde Ollivier). Os demais soldados recebem menos destaque do roteiro, mas cumprem bem suas funções na história.

Se no primeiro terço ficamos diante de uma típica produção de guerra, cujo objetivo é driblar as forças rivais para concluir a tarefa militar, a partir da metade da projeção, quando os segredos começam a ser revelados, o gore torna o caminho mais assustador e o terror mostra sua face além dos projéteis disparados pelos alemães.

Historicamente os porões nazistas foram palcos de experiências com cobaias humanas que fugiam de quaisquer valores éticos e morais. Os presos de guerra eram utilizados por médicos e cientistas que buscavam entender a anatomia e fisiologia humana, fazendo os mais diversos testes e tratamentos desumanos. Talvez, por isso esse segmento do filme cause tanto impacto no espectador.

No último ato, o conflito com o chefe da célula nazista (Pilou Asbaek) diminui os níveis do horror em prol da diversão caricata, com heroísmo, vilania e sacrifícios, assumindo de vez sua alma "B". 

 A direção merece elogios por ter amarrado bem segmentos distintos dentro de um só filme, segurando a atenção do público sem nunca perder o fôlego. Assim, posso afirmar que a missão de "Operação Overlord" foi cumprida com êxito.

8.5

*Nos cinemas

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