Chega na Netflix a terceira e melhor temporada da série "Demolidor". Dessa vez, Matthew Murdock volta do mundo dos mortos disposto a enterrar o homem e assumir seu destino trágico como o demônio de Hell's Kitchen. Ele questiona sua fé e afasta os amigos, enquanto o criminoso Wilson Fisk manipula o FBI para sair da prisão.

Em seu novo ano, o vilão Mercenário é acrescentado a trama, como o contraponto físico do herói, e sua inserção no mundo do crime é bem trabalhada pelo roteiro, tornando-o um personagem rico em camadas e complexidade.
Tenho que ressaltar também o ritmo intenso dos episódios, que equilibra bem as linhas narrativas e mantém um clima frequente de urgência e perigo.
No geral, o elenco continua bem e cada vez mais a vontade em seus papéis. Charlie Cox tem o tom perfeito para os conflitos do protagonista e se sai muito bem nas cenas de ação. Abro um espaço para elogiar a coreografia das lutas, em especial o quarto episódio, que mistura caos e violência com toques de "John Wick" (filme de vingança estrelado por Keanu Reeves).
Vincent D'Onofrio é a ameaça em pessoa na sua encarnação de Fisk. Controlador, influente e impiedoso, ele representa um mal sempre presente e opressor.
A única ressalva que faço é a personagem Karen Page (Deborah Ann Woll), que em toda cena parece está a um ponto de desabar no choro, mas apesar disso, seu papel é bem desenvolvido e ajuda no desenrolar da trama, que se revela uma grande história de máfia.
Heróis no limite da conduta moral e legal, traições, corrupção e descrença no sistema. Tudo isso é retratado sem a fantasia inofensiva do universo Marvel, se aproximando assim da realidade cruel dos longas de Martin Scorsese. Todos os personagens precisam lidar com o bem e o mal dentro de si, vencer o conflito e decidir o rumo de suas vidas. Não há tempo para lamber as feridas. É tempo de decisões.

9.0

*Disponível na Netflix

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