Quando o homem pisou na lua, em 1969, profetizou que aquele era um pequeno passo para o homem e um salto gigantesco para humanidade. De fato, aquele instante foi significativo para o povo americano, envolto na desgastante guerra do Vietnã e numa corrida espacial com os rivais soviéticos, assim como para o mundo, que passou a considerar as possibilidades do futuro além da Terra.
Quase 50 anos depois, o diretor Damien Chazelle ("La La Land") adapta o livro "O Primeiro Homem", baseado nas memórias do astronauta Neil Armstrong, que refaz os preparativos da viagem da Apollo 11 rumo a Lua.
Chazelle vem trilhando um caminho de sucesso na indústria mesclando cinema e música. Seus dois últimos trabalhos, "Whiplash" e "La La Land" foram indicados ao prêmio principal do Oscar e o romance musical acabou lhe garantindo a estatueta de melhor diretor.
Dessa vez a melodia não vem de uma bateria de jazz ou de um dueto apaixonado, mas sim dos parafusos balançando e dançando em um foguete que ganha o céu.
O maestro dessa orquestra claustrofóbica é o astronauta Neil Armstrong (Ryan Gosling), dono da primeira pegada deixada no satélite natural. A câmera subjetiva de Chazelle acompanha os passos de Neil, antes do famoso "primeiro passo". A dedicação profissional, os amigos que pereceram pelo caminho e a relação familiar formam a tríade que guia o protagonista de uma produção que cheira a Oscar.
Gosling tem o mérito de sempre escolher bem os papéis, mesmo não sendo um dos atores mais versáteis de Hollywood. Apesar dos costumeiro semblante instrospectivo, visto em toda sua filmografia, não acho difícil sua indicação as premiações do próximo ano.
Claire Foy ("The Crown"), que interpreta a esposa de Armstrong também deve figurar como forte candidata. Ao contrário de Gosling, Foy entrega mais nuances para sua personagem denotando mais recursos que o colega.
O roteiro, também deve ser lembrado pela academia, mas como espectador não me senti envolvido pela história. Chazelle até tentou nos transportar para aquela missão, em tomadas longas de tensão a bordo dos pequenos compartimentos da Nasa, mas não consegui embarcar naquela viagem.
O sacrifício humano no projeto do governo, a vaidade americana e os investimentos milionários, talvez tenham me distanciado do ponto de conexão.
Tecnicamente o longa não deixa a desejar, mas o ritmo lento e a duração de quase duas horas e meia requerem uma boa dose de paciência do espectador. Por isso, no fim das contas, "O Primeiro Homem" me parece um filme contemplativo, uma experiência sensorial que não acordou os meus sentidos.
6.0
*Nos Cinemas
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