Dirigido pelo ator Bradley Cooper, o remake "Nasce uma estrela" (2018) é um conto de dois filmes. Um protagonizado por Cooper, e outro pela estrela da música pop Lady Gaga.
Na história mais interessante acompanhamos o cantor Jackson Maine, que mesmo com o sucesso de uma carreira estabelecida no country, não consegue encontrar a felicidade e busca refúgio na bebida e nas drogas para suportar a insatisfação e um progressivo problema auditivo.
Entre um show e outro, ele cruza o caminho da aspirante a cantora profissional, Ally (Gaga) e abre as portas para o talento da jovem.
A primeira metade do longa é bastante promissora e a interpretação de "La Vie En Rose" que marca o encontro inicial do casal é tocante.
Porém, no segundo ato começa o filme "promocional", que tenta vender para o espectador uma versão atualizada de "Uma Linda Mulher" e, para não restar dúvidas, em dado momento, o longa faz explicita referência ao sucesso de 1990.
Diferente da comédia romântica que apresentava a força do dueto Julia Roberts e Richard Gere, "Nasce uma Estrela" aposta em um drama frágil. Lady Gaga se esforça, mas ainda falta experiência no ramo. Nas cenas em que divide a tela com Cooper fica ainda mais evidente a falta de recursos e todas as suas cenas entoando as músicas da trilha sonora soam como videoclipes, que me afastou do filme. Há uma preocupação exagerada em mostrar o enredo da cinderela, que não me despertou a menor empatia.
A impressão que fica é que "Nasce uma Estrela" foi vítima da sua protagonista, enquanto outro personagem pedia os holofotes.
O enredo, dividido em duas jornadas, por vezes parece apressado em enaltecer os atributos da nova cantora e superficializa o segmento do veterano Maine, pois sempre que o roteiro insinua aprofundar, há uma clara necessidade de voltar o foco para Ally.
O Jackson Maine de Bradley Cooper possui camadas que instigam a curiosidade sobre seu passado e temor pelo seu futuro. No presente, sua presença marcante em cima do palco passa a credibilidade exata e fora dele encontra como parceiro ideal o ator Sam Elliot, que interpreta seu irmão e rende a cena mais emocionante do longa.
É preciso fazer justiça ao trabalho de Cooper por trás das câmeras. As tomadas dos shows são bem realizadas e podemos sentir a energia pulsante da música.
O setlist da produção é um ponto alto e merece uma visita no Spotify.
Eu quase consigo esquecer a última cena do filme, que exagera nos níveis de açucar em prol das lágrimas da bilheteria.
Apesar das críticas positivas e da boa recepção pelo público, "Nasce uma estrela" não me convenceu completamente. Provavelmente será sucesso de mercado e com um forte lobby poderá concorrer a alguns prêmios da Academia, mas para mim ainda não há estrelas no céu.
5.0
*Nos cinemas










