Há alguns anos, quando foi anunciada a produção de um filme solo do vilão Venom, meu primeiro pensamento foi: isso não me parece uma boa ideia. E de fato não foi.
Focar as ações em uma aventura do arqui-inimigo do homem aranha, mas sem a participação do herói, era uma jogada de risco e cercada de desconfiança.
Porém os executivos da "Sony", detentora dos direitos de todo o universo do teioso, enxergaram viabilidade no projeto e chamaram o ator Tom Hardy, que já havia encarnada o vilão Bane na terceira parte da trilogia do Batman de Christopher Nolan, para protagonizar o longa e assumir as rédeas do simbionte alienígena Venom.
Quando os primeiros trailers aterrissaram na internet as reações não foram das melhores e público ficou dividido entre os que odiaram e os que demonstraram indiferença com o filme.
Pois bem, "Venom" (2018) finalmente estreou e pude confirmar com meus próprios olhos o mau agouro inicial se materializar. Durante a projeção, que durou aproximadamente duas horas, uma nova pergunta martelava minha cabeça: com quantos roteiristas se faz uma história péssima?
Conferi a resposta nos créditos finais. Três pessoas assinaram a história da criatura Venom, que cai na terra junto de uma tripulação em missão espacial financiada pela empresa VIDA, cujas pesquisas feriam quaisquer normas éticas. A procura de um hospedeiro, o simbionte toma o corpo do jornalista Eddie Brock, que tentava desmascarar a mega corporação.
Repleto de situações constrangedores, o filme ora flerta com o terror, ora com a comédia, mas em momento algum se sobressai nos gêneros citados. Michelle Williams, que interpreta o interesse romântico do protagonista, está nitidamente desconfortável no papel. Já Tom Hardy, agora deve saber o que George Clooney sentiu quando cometeu o grande equívoco da carreira ao assumir o manto do homem morcego, na versão cafona do diretor Joel Schumacher.
Simplesmente nada funciona nesse filme, que se contradiz a todo instante.
Venom é um vilão que sonha ser o anti herói e busca incansavelmente alcançar a torcida e simpatia do espectador. Ajuda o desestabilizado Eddie Brock, dá conselhos amorosos, quer, a princípio, destruir o mundo, mas na sequência percebe que é um lugar lindo para se viver, entre outras bobagens.
A dinâmica entre Brock e o parasita (que odeia ser chamado assim) é uma imitação chinfrim do dueto John Connor e o andróide futurista da franquia "O Exterminador do Futuro".
Em resumo, "Venom" pode ser definido como um coletivo de decisões erradas. Um retrocesso.
3.5
*Em cartaz nos cinemas
*Instagram: resenha100nota










