***POSSÍVEIS SPOILERS

Quando um filme consegue unir uma boa história, um plot twist eficiente e levantar questões que te deixam refletindo após os créditos finais, é sinal que a experiência cinematográfica foi mais do que um mero entretenimento. Foi recompensadora.

Esse foi meu sentimento ao sair da sessão de "Buscando" (2018), filme que traz a saga de um pai em busca da filha desaparecida. Na trama, o viúvo David Kim (John Cho) precisa seguir os rastros deixados pela jovem Margot (Michelle La) na internet para tentar encontrá-la.
O diretor Aneesh Chaganty utiliza imagens de Facetime, YouTube, filmagens de circuito interno e telejornais para contar sua história e trazer o espectador para uma realidade mais próxima ao que vivemos em tempos de conectividade ininterrupta. Tal opção combinou perfeitamente com a proposta do longa.
O roteiro bem trabalhado nos deixa apreensivo e ansiosos por pistas que revelem o destino da garota, ao passo que cada descoberta é um convite para formularmos novas teorias.
O caminho perseguido por David é um misto de angústia e surpresa, pois as peças do quebra-cabeça que ele vai montando o leva a constatar que, talvez, ele tenha perdido a ligação com a filha que ele julgava conhecer tão bem.
A produção tambem aborda o mundo predatório da internet e das redes sociais. A garota, sem amigos, tem uma popularidade instantânea quando as notícias sobre seu desaparecimento tomam os jornais. Novas amizades surgem a cada tweet ou postagem no Facebook. Os comentários maldosos, que levantam hipóteses sobre a autoria do suposto crime, destilam a falta de humanidade e compaixão com os sentimentos da família, e a espetacularização da investigação retrata bem o que vemos nos noticiários policiais nos dias atuais.

É levantando tantas questões importantes e presentes nesse mundo moderno e conectado, que "Buscando" se destaca entre a leva de filmes do gênero. 
A busca do protagonista é a busca dos pais em conhecer melhor os filhos. É a busca do respeito pela dor alheia, pela solidariedade e pela amizade real.
Busca pela verdadeira conexão. Não entre dispositivos. Entre pessoas.

9.0

*Em cartaz nos cinemas

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