Podem me considerar um saudosista incorrigível. A nostalgia tem o sabor das boas memórias, e estas são uma espécie de DeLorean, que eu dirijo de volta ao passado.
Certa vez, vi em um filme o protagonista soltar a seguinte frase: O passado é uma história que contamos para nós mesmos. Talvez, seja por isso que as histórias me fascinam. Algumas delas estão intimamente ligadas ao cinema. As mais antigas aos cinemas de rua, quando sair de casa para ver filmes era o objetivo único, sem distrações, sem paradas. O ponto final. A pipoca e o refrigerante eram o kit obrigatório e os rostos conhecidos dos funcionários traziam o tom familiar do lugar. Era como ver filme em casa, com uma tela grande e um monte de gente junta compartilhando a magia da sala escura. Chegar com antecedência poderia gerar bons papos sobre os últimos lançamentos, antes do início da sessão.
Hoje os grandes complexos de cinema, situados nos shoppings centers oferecem o que há de mais moderno em tecnologia e conforto para seus clientes. Terminais eletrônicos de ingressos, pipocas amanteigadas, salas 3-D, sistema de som poderoso, além de outras benesses. Um serviço de qualidade, sem dúvida. Mas como dizia Dorothy no clássico "O mágico de Oz", "Não há lugar como o nosso lar" e, para não sair da fábula de L. Frank Baum, o homem de lata precisa de um coração.
Em tempos de consumismo zumbi, o cinema virou a isca para compras, ou uma breve parada para descansar as pernas e repousar as sacolas.
Infelizmente, o cinema não é mais a extensão da nossa casa. Talvez a casa de um parente distante, onde nos sentiremos sempre como visita.
À espera do furacão, só queremos voltar para o nosso lar.










