Indicado a vários prêmios na época de seu lançamento, "O Carteiro e o Poeta" (1994) é uma jóia do cinema italiano dirigida por Michael Radford e protagonizada pelo carismático Massimo Troisi, que faleceu logo após as filmagens.

Mario (Troisi) é um carteiro que tem o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret, o eterno Alfredo de "Cinema Paradiso") como único destinatário. O ilustre chileno, em exílio em uma ilha da Itália,  recebia visitas frequentes do tímido carteiro, que começou a nutrir verdadeira fascinação pela habilidade de Neruda com as palavras. Em contrapartida, Mario era o ouvinte perfeito para o poeta, nostálgico pelo país de origem.
A partir daí é estabelecida a cumplicidade entre os novos amigos, que dividem lembranças, sonhos e metáforas.
Há quem se refira às pessoas queridas como "grandes amigos" ou "grandes amizades". Nesse sentido, acredito na redundância de tal expressão, visto que não existe pequena amizade ou amigo de nível médio. A amizade existe ou não. Se foi, é porque não era. Se é, sempre será.
Amizades afloram partes de nós, que muitas vezes desconhecíamos que existiam. Elas configuram uma troca espontânea de experiências e lições. Mario aprendeu com Neruda, e o famoso poeta aprendeu com o carteiro a simplicidade das palavras, cujo significado desabrocha nos ouvidos e germina na mente.
Conhecer um amigo é aprender com ele, e quando aprendemos sobre algo nunca esquecemos os ensinamentos, porque de alguma forma eles passam a fazer parte de nós.

10.0

"Quando um homem começa a te tocar com as palavras, não está longe de te tocar com as mãos."

*Disponível no Youtube