"Tábula Rasa" (2018) é uma série belga de suspense, com ares de novela das 21 horas. Apesar da abertura, de gosto bem duvidoso, a produção chama a atenção pela sinopse interessante.
Annemie (Veerle Baetens), é uma mulher que sofre de amnésia de eventos recentes, após um grave acidente de carro que pôs fim a sua carreira de dançarina. Quando um morador da região desaparece, Annemie pode ser a única pessoa a saber o que aconteceu, mas para isso terá que recorrer às suas lembranças inconstantes.
A série flerta com o terror sobrenatural, mas no final se revela uma grande novela com uma trama que se arrasta, dando doses homeopáticas de pistas para o espectador, suficientes apenas para mantê-lo interessado em ver o próximo episódio.
O início promissor contrasta com o desfecho rocambolesco.
A direção é confusa ao assumir um tom soturno e contido, e em seguida mudar o estilo radicalmente para algo exagerado, que parece deslocado do resto da trama.
Fica a impressão que tentaram colocar várias marcas visuais sem qualquer identidade com a história contada. São diversos os simbolismos de "Tábula Rasa".
O papel de parede que denota o labirinto que é a mente da protagonista e que instantaneamente me remeteu a "O Iluminado" (1980), de Stanley Kubrick. Ainda consegui pescar uma explícita referência a "Poltergeist" de Tobbe Hopper (1982) e "Donnie Darko" (2001).
O uso das cores é outro artifício do diretor para manipular as emoções do espectador. Seja o vermelho que envolve a pequena Romy (Cécile Enthoven) emulando o sentimento de perigo, ou os tons escuros das vestes de Benoit (Stijn Van Opstal) que dão um ar de mistério e solidão ao personagem.
Tudo fumaça para pouco fogo.
Sempre alternando entre o instigante e o cafona, "Tabula Rasa" se revela um produto genérico com uma embalagem que atrai, a princípio, mas logo soa como propaganda enganosa.
5.0
*Disponível na Netflix