Domingos Fernandes  Calabar foi absolvido da acusação de crime de lesa pátria. A sentença foi pronunciada neste domingo (22), na cidade de Porto Calvo, depois do julgamento simbólico de uma das personagem mais controversas da história brasileira e que tentou responder a pergunta que persiste  nos livros de história até hoje: o brasileiro seria culpado ou inocente do crime de trair seu país?

De acordo com o conselho de sentença, composto por especialistas em história e direito, o portocalvense, ao apoiar a invasão holandesa, acreditava que estava defendendo a liberdade brasileira do domínio de Portugal, já que a Holanda poderia trazer benefícios econômicos ao Brasil.

Os votos dos jurados foram abertos e seguiram a ordem de um sorteio feito pelo juiz Ney Alcântara, que presidiu o julgamento.  Das 15 pessoas que compuseram o júri,  14 votaram pela absolvição, enquanto o cônsul honorário de portugal em Alagoas, Edgard Barbosa, optou pela abstenção.

Domingos Fernandes Calabar é o personagem mais polêmico do período Brasil-Holandês. A polêmica se deu por conta que a figura desertou do exército português para o holandês na época das invasões. Ele teve a morte por enforcamento no dia 22 de julho de 1635 e ainda teve o corpo esquartejado.

O Julgamento Simulado de Calabar aconteceu exatamente 383 anos após o enforcamento do personagem. O evento ocorreu justamente no fórum que tem como nome: Domingos Fernandes Calabar.

O chamado “Julgamento da História” se tornará livro e documentário. O júri pós-morte de Domingos Fernandes Calabar terá o banco dos réus vazio e sem testemunhas. O juiz do caso será o atual presidente da Associação Alagoana dos Magistrados (Almagis), Ney Costa Alcântara de Oliveira; a acusação ficará por conta do promotor Geraldo de Magela e do advogado e sociólogo Rodrigo Leite; a defesa do personagem está sob o comando dos advogados José Ailton Tavares e Ney Pirauá.

O corpo de jurados será formado por 15 personalidades alagoanas e já estão confirmados: o procurador-geral do Estado, Alfredo de Gaspar Mendonça; o presidente da Associação Alagoana de Letras, Rostand Lanverly; a juíza e ex-presidente da Almagis, Fátima Pirauá; os escritores Douglas Apratto, Severino Ramos Barbosa e Paulo Poeta; o historiador Geraldo de Majella; o procurador Márcio Roberto Tenório; o médico e prefeito de Maragogi, Fernando Sérgio Lira Neto; os jornalistas Ênio Lins e Maurício Silva; os professores Zezito Araújo e Valdomiro Rodrigues; a líder indígena da tribo XUCURU-KARIRI, Graciliana Celestino Wakana; e o sociólogo Luiz Sávio de Almeida

Um pouco de Calabar

A figura polêmica de Domingos Fernandes Calabar é o personagem mais importante do período Holandês no Brasil. Ele foi taxado de traidor na época por ter desertado do lado português para o holandês. Calabar foi preso em uma emboscada em julho de 1635 e acabou sendo enforcado e teve o corpo esquartejado pelas ruas históricas de Porto Calvo. No século XX, alguns historiadores passaram a considera-lo heroi por ter tido a visão que o domínio holandês seria melhor para o Brasil. Heroi ou traidor? O resultado é dia 22 de julho de 2018.