Os novos empreendimentos instalados na capital alagoana podem ajudar a declinar ainda mais o índice da taxa de desocupação. Uma pesquisa do IPEA - Instituto de Econômica Aplicada - mostrou que nos últimos trimestres de 2017 o número de desocupados em Alagoas sofreu uma queda, apesar de ainda ser considerado alto.

Segundo a pesquisa, apesar do aumento registrado no início do ano, devido à sazonalidade do período, a taxa de desocupação vem caindo em termos interanuais de forma consistente no Brasil e esse recuo atinge todos os segmentos da população, sendo mais intenso nos grupos de trabalhadores com ensino fundamental e médio, com idade entre 18 e 24 anos e do sexo feminino.

Entre os trabalhadores com ensino médio incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação caiu de 24,2% para 20,4% entre o último e o primeiro trimestres de 2017. Na mesma base de comparação, o desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos recuou de 28,8% para 25,3%. No caso das mulheres, a desocupação passou de 15,8% para 13,2%.

Em termos regionais, observa-se a queda da taxa de desocupação nas regiões Norte e Nordeste, onde Alagoas está inserido. Para o economista Rômulo Sales, a tendência é que a taxa de desocupação se mantenha assim, com leve queda já que os novos empreendimentos no setor do varejo podem oportunizar a volta do mercado de trabalho a muitos que estão desempregados.

"Acredito que essas atividades informais como, por exemplo, motorista de uber, ajudem nesse cenário. O cara perde o emprego e arruma uma atividade alternativa ou abre um negócio. Isso impacta na diminuição da taxa de desocupação", observou ele.

Por outro mais informal, o economista coloca que quando a taxa de desocupação diminui é um sinal de que as pessoas que estavam desocupadas e sem emprego conseguiram alguma atividade remunerada para ganhar dinheiro, com o conhecido bico.

Aos 24 anos, o estudante Felipe Lira colocou que com a crise precisou entrar paro grupo das pessoas que estavam desocupadas, mas que necessariamente não precisava de uma renda de forma urgente. Segundo ele, com o aumento das necessidades familiares, a procura por um emprego ou até uma atividade que lhe rendesse algum tipo de remuneração.

A pesquisa do IPEA
Com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, o estudo analisa de forma detalhada o mercado de trabalho brasileiro. Embora ainda esteja em situação bem menos favorável em relação ao período pré-crise, os dados mostram maior dinamismo do mercado. “A alta da taxa de desocupação nos trimestres móveis encerrados em janeiro e fevereiro é decorrente da sazonalidade característica do início do ano. Na comparação com 2017, os dados mais recentes mostram uma recuperação do mercado de trabalho, conjugando expansão de ocupação e de rendimentos”, explica Maria Andréia Lameiras, pesquisadora do Ipea e uma das autoras do estudo.

Os efeitos do aumento da ocupação sobre a redução da taxa de desemprego, entretanto, têm sido atenuados pela forte expansão da força de trabalho. Os dados da PNADC revelam que vem crescendo o número de trabalhadores marginalmente ligados à população economicamente ativa (PEA) – os quais constituem uma parcela da população que está na inatividade, mas deseja voltar ao mercado. Além de exercer pressão sobre a PEA, pois esse grupo de indivíduos tende a se incorporar à força de trabalho à medida que as condições do mercado vão melhorando, essa mudança vem gerando aumento do desalento no mercado.

Carlos Henrique L. Corseuil, pesquisador do Ipea e um dos autores do estudo, explica, no entanto, que o aumento do desalento nos últimos meses é decorrente de uma mudança de composição da população em idade ativa. “Parte dos indivíduos que antes estavam na inatividade e não tinham nenhuma intenção de trabalhar se incorporou ao grupo de pessoas que trabalhariam se conseguissem uma ocupação”. Ou seja, essa transição em direção ao desalento não sinaliza uma piora nas condições do mercado de trabalho, apenas indica uma mudança de comportamento por parte da população.