O movimento Antropofágico Miscigenado está de volta. Em 2017, a iniciativa de um grupo de músicos de realizar encontros (inicialmente semanais, depois mensais), nos finais de tarde, no terraço do Teatro Deodoro, para celebrar a nossa música e as nossas artes, rendeu tardes/ noites memoráveis, com performances de pequena duração de grandes artistas com produção ativa na capital. Passaram pelas happy hours do Antropofágico, músicos como Edi Ribeiro, Ana Galganni e Júnior Bocão (Divina Supernova), João Paulo (Mopho), Rogério Dyaz e a Trincheira, Fred Hollanda e Thiago Barros (Barba de Gato), Sebage, além de atores e dançarinos a exemplo de Chico de Assis, José Márcio Passos, Ticiane Simões (Ozinformais), Carleane Correia e Kronos Jailton, Jairon Santos e muitos outros. Na próxima terça-feira (30), a partir das 17h30, alguns desses artistas abrirão a temporada 2018 do movimento, que terá formato reforçado pela participação de poetas.
Nessa primeira edição de 2018, foram convocados os poetas Ana Karina Luna (“Saindo da Piscina de Éter”, edição independente) e Sebage (“Álbum de Família”, ed. Imprensa Oficial Graciliano Ramos) para um pequeno sarau com leitura de poemas que estão nos livros que lançaram ano passado. A parte musical faz um corte na produção local, com artistas de gêneros diversos que participaram do movimento nas diversas edições do ano passado: o roqueiro Mario The Alencar cantando pela primeira vez músicas em português; a banda Jude que recém-lançou o single “Pluma”; a rapper que explodiu na cena musical em 2017, Arielly Oliveira; o herói Edi Ribeiro com sua guitarra “sanfonada” e o músico, poeta e ativista Rogério Dyaz.Cada um desses artistas ocupará o tablado armado no jardim do teatro por 20 minutos, para performances acústicas eantropofágicas, ou seja, autênticas, originais e cosmopolitas.
Para a poeta Ana Karina Luna, pela primeira atuando antropofagicamente no saguão do Teatro Deodoro, “as mulheres são as maiores leitoras” de sua poesia romântica e sensual. “Ocorreram algumas experiências fortes que algumas mulheres tiveram, conteúdos que vieram à tona depois de ler o livro. Algumas vêm e continuam comprando para dar às amigas”, conta a autora, informando que o volume, com encadernação manufaturada, “já foi bater na Inglaterra”. “Há pessoas na França e Suíça que já sabem dele. E outra pessoa aguarda nos EUA sua cópia. As pessoas se impressionam com a apresentação, o formatocartonero, todo feito à mão, evidentemente, pois é incomum. Mas para mim o que é forte mesmo – ou espero que seja – é o conteúdo, embora, talvez, seja ainda desconcertante para a maioria das pessoas. Desconcertante? “Acho que o assunto extremamente feminino, controverso e revelador incomoda”, aposta Ana Karina. Segundo ela, “as contradições incômodas de poder e submissão talvez assustem”. “Mas tal é o universo feminino e disso não se fala”, provoca. “O próprio incômodo é tabu. Ou talvez haja um desejo do incômodo ser relatado de outra maneira, menos crua, ou menos direta – a própria perdição em que a mulher se encontra é disfarçada.”
Sebage, que deu o pontapé inicial do Antropofágico Miscigenado em janeiro de 2017, junto com Edi Ribeiro, reconhece-se como “um poeta feliz”. “O livro ´Álbum de Família’, que é o terceiro volume de uma trilogia que iniciei quando morava ainda em São Paulo, reflete momentos intensos envolvendo a família e minha própria ancestralidade, tipo ‘a volta do filho pródigo’. É como um drama bíblico ou simplesmente rodrigueano. Escrevi assim, sei lá, de forma catártica – e a publicação dele via edital da Imprensa Oficial Graciliano Ramos realmente foi como uma libertação... O retorno dos leitores foi incrível, as pessoas comemoram, decoraram os poemas, dizem que sou ‘visceral’, que escrevi frases lindas. Estou muito feliz com o resultado desse trabalho, espero em breve publicar os outros volumes da trilogia.”
E por falar em felicidade, a cantora e compositora Arielly Oliveira, que abriu show de João Bosco, semana passada no Teatro Gustavo Leite, diz-se “feliz em participar novamente do Antropofágico Miscigenado”.
Segue a programação:
Início
– 17H30: historiador Dimas Marques e músicos Pc Lamar e Sebage fazem considerações sobre o movimento, lembrando o que rolou em 2017;
– 17h40: Lamar canta com Sebage uma música dele em parceria com Sebage (“Lugar no Céu”) e faz mais outras duas canções solo, em seguida chamando Sebage de volta ao palco, que por sua vez chama Edi Ribeiro;
– 17h50: Edi Ribeiro e Sebage farão a leitura do Manifesto Antropofágico Miscigenado, escrito pelos dois para o encontro inaugural do movimento, no teatro em janeiro de 2017.
Participações musicais
(20 minutos para cada apresentação)
– 18h: Mario The Alencar – Mario Alencar, que recém-lançou álbum da banda Killing Surfers, interpretará canções de seu projeto solo, com letras em português;
– 18h20: Jude – Formação acústica;
– 18h40: Arielly Oliveira;
– 19h: Edi Ribeiro;
– 19h20: Intervalo (música alagoana na caixa)
2ª. Parte
– 19h30: Sebage e Ana Karina Luna declamam poesias de seus livros, respectivamente, “Álbum de Família” e “Saindo da Piscina de Éter”
– 20h: Rogério Dyaz;
Microfone livre
– 20h20: Terão início as canjas de artistas presentes.
MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO MISCIGENADO – Terça-feira (30), das 17h30 às 21h30; entrada fraca, mas tem caixinha, obrigado. Contato: (82) 99197 5995 (Sebage)/ (82) 98705 3256 (Pc Lamar).
TEATRO DEODORO – Rua Barão de Maceió, 375, Centro. Tel. (82) 3315 5665.