As conversas e apostas no mundo político e em bares e bancas de revistas da orla de Maceió são que Renan Calheiros (PMDB) e Teotonio Vilela (PSDB) vão marchar juntos, como já fizeram no passado, em busca do primeiro e do segundo votos para o Senado.

Desde que o imprevisível jurídico-policial não atue – os dois políticos têm processos no STJ e no STF referentes à Lava Jato e seus desdobramentos -, há muita lógica na reedição dessa dobradinha absolutamente vitoriosa no passado recente.

Na eleição de 2014, por exemplo, o então governador Vilela agiu para facilitar a vitória do filho do senador Renan Calheiros, Renan Filho. Ele não só não apoiou a candidatura do seu aliado, o senador Benedito de Lira, como trabalhou para esvaziá-la.

Para tanto lançou como candidato do governo do PSDB o ex-procurador-geral de Justiça Eduardo Tavares. Mas foi só Tavares crescer um pouquinho nas pesquisas para que a pequena estrutura de campanha fosse retirada, o que o levou a desistir da candidatura. Daí em diante o que se viu foi um passeio de Renan Filho sobre o senador Benedito de Lira.

No entanto, alguns pontos desse enredo estão soltos. Um deles é referente ao senador Fernando Collor. Uma união entre Teotonio Vilela e Renan Calheiros deve facilitar, também, a reeleição de Renan Filho.

Caso isso ocorra, naturalmente o governador se credencia a disputar em 2022 a única vaga de senador, exatamente a que é ocupada hoje por Collor que, caso não sofra nenhum problema no STF, naturalmente vai buscar a renovação do mandato.

O outro ponto solto dessa teia diz respeito ao prefeito de Maceió, Rui Palmeira. Bem avaliado, administra a capital sem enfrentar problemas e é o nome tido como o mais viável numa disputa pelo governo, como mostram as pesquisas, inclusive divulgadas neste espaço.

Mas, caso queira disputar o governo de Alagoas depende da vontade de Teotonio Vilela, que controla o PSDB. A saída para Rui é deixar o partido. Essa é a única forma de ficar livre para decidir o seu futuro e não ser usado como moeda de negociação pelo seu partido.

Contudo, talvez Rui nem seja um ponto solto nesse xadrez. Tem mais dois anos de mandato e pode tirar proveito político e administrativo dessas articulações. Aliás, as conversas e apostas que citei lá no início também cravam que o PSDB pode indicar o vice de Renan Filho.

Agora, quem deve ficar isolado com tudo isso é o senador Benedito de Lira. A jogada que articula o quadro para 2018 é de mestre, apesar de o imprevisível ter poder de mudar tudo, seja com Rui trocando de partido e unindo toda a oposição ou com decisões surpreendentes vindas do STF e STJ.

Se não for assim, PMDB e PSDB vão eleger os dois senadores e o governador de Alagoas.

Aguardemos os desdobramentos.

EM TEMPO: Da assessoria do senador Teotonio Vilela, via WhatsApp, recebo um gentil alerta: "Querido,  bom dia. Só pra esclarecer,  Teotônio não responde nenhum inquérito ou processo referente à Lava Jato." 

Argumento afirmando que o nome dele foi citado por uma das construtoras na delação sobre o Canal do Sertão. "Citou o nome, não há inquérito e nem processo. Caso guatama ele foi inocentado. Basta verificar no site do STJ e STF, só pra você saber", afirma a assessoria do ex-governador. 

Registro feito.