Vamos por partes. Essa história veio a público a partir de uma palestra, na sexta-feira (15), do general da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão, que defendeu a possibilidade de intervenção militar.
A segunda etapa ocorreu nas redes sociais nesta terça-feira (19). O general quatro-estrelas da reserva Augusto Heleno - o primeiro comandante brasileiro da Força de Paz no Haiti, em 2004 - publicou uma declaração de apoio a Mourão.
Ele disse que é “preocupante o descaramento de alguns políticos, indiciados por corrupção e desvio de recursos públicos, integrantes da quadrilha que derreteu o País, cobrando providências contra um cidadão de reputação intocável, com 45 anos de serviços dedicados à Pátria. Aconselho que, pelo menos, se olhem no espelho da consciência e da vergonha”.
Depois disso, na noite desta terça-feira (19) o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, saiu pela tangente usando um inteligente argumento jurídico. Ele afirmou que a possibilidade de uma intervenção "ocorre permanentemente" e que e "as Forças Armadas têm mandato para fazer [uma intervenção militar] na iminência de um caos”.
E justificou da seguinte forma: “Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, diz que as Forças podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem por iniciativa de um dos poderes. O texto diz que o Exército se destina à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um dos poderes, ou na iminência de um caos. As Forças Armadas têm mandato para fazer", completou.
O comandante também afirmou que Mourão não será punido. E foi Mourão quem afirmou na palestra que os seus companheiros do Alto Comando entendem que uma intervenção poderá ser adotada se o Judiciário “não solucionar o problema político”, em referência aos escândalos de corrupção envolvendo políticos.
Fica claro, portanto, que ao não punir os subordinados o Exército aguarda uma limpeza na política brasileira por parte do Judiciário, especialmente do STF onde tramitam os casos envolvendo a turma do tal foro privilegiado: o presidente Michel Temer, ministros, deputados e senadores. Só não foi revelado pelos homens da caserna, ainda, o prazo para que culpados e inocentes sejam conhecidos. Isso está guardado.
O fato é que essa pressão do Exército soa de forma satisfatória para a sociedade brasileira sedenta por vingança contra partidos, políticos, ministros e empresários que enriquecem através do dinheiro público.
Claro, suspeitamos da existência de um submundo no Judiciário, assim como em outros setores. Porém, não serão a força, a intimidação, fuzis e tanques quem resolverão a crise moral e ética da sociedade brasileira.
Sabemos como uma intervenção começa, mas não como nem quando termina. A história mostra isso.









