Essa é aposta, da mesma forma que na semana passada foi cravado que o TSE não cassaria a chapa Dilma-Temer. Tais raciocínios seguem a lógica dos bastidores, dos acordos, das trocas de favores e da sobrevivência.

Estão em campo, para a reunião da Executiva do PSDB desta segunda-feira (12), o senador afastado Aécio Neves, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, João Doria. Eles trabalham para o partido permanecer ao lado de Temer.

A tendência majoritária é que o partido não desembarque da base de sustentação, mas que todos fiquem livres para se posicionarem como quiserem sobre o governo. Na prática, os tucanos estão de olho na sobrevivência de Aécio e, nos casos de Alckmin e Doria, nas eleições de 2018.

Ir para a oposição significaria, para os dois últimos, fortalecimento do PT e de Lula, que já ocupa esse espaço. Além disso, faria chegar ao poder o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o que lhe daria cacife para ser candidato presidencial, ou, no mínimo, deixaria a legenda bastante valorizada para uma possível aliança em 2018.

E tem mais: Com Temer no governo o PSDB é o seu grande fiador. Tem cargos, bastante poder e influência nos rumos do governo federal. Ou seja, pode conseguir apoios no meio empresarial e político, caso do próprio PMDB, por exemplo.

Por outro lado, os tucanos Alckmin e Doria não querem ganhar o carimbo de “fiador” de Temer, um presidente impopular, rejeitadíssimo e prestes a ser denunciado no STF. O discurso para o eleitor será, portanto, que será dado “um crédito a Temer, mas comprazo de validade definido e sujeito a uma mudança de rumos, na dependência de eventuais fatos novos e decisões da Justiça."

Uma pena que o PSDB perca de vez a possibilidade de abraçar o discurso anticorrupção. Poderia fazer diferente – bem mais até do que tem feito o PT com relação aos seus membros denunciados – e dar uma senhora canelada no governo que ajudou a colocar no poder e no investigado senador Aécio.

Como diz o cientista político Luis Felipe Miguel, “No começo da crise, muito se falava no declínio inexorável do PT. O PT está bem machucado, é verdade, mas é implausível que se torne um ator político irrelevante em 2018. Já o PSDB está a perigo. É possível que ele só sobreviva nas regiões politicamente mais atrasadas, como São Paulo.”

Portanto, tudo caminha para que o PSDB continue tocando violino no Titanic de Michel Temer.