Por medo de "problemas", governo tentou excluir Paulão da lista de oradores da ONU

04/05/2017 19:24 - Coluna Labafero
Por redação
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O governo brasileiro tentou impedir que o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Paulão (PT-AL), possa realizar seu discurso nesta sexta-feira (5) durante a sabatina sobre política de direitos humanos, que Brasília enfrentará nas Nações Unidas.

O motivo da exclusão do nome de Paulão, segundo o Estadão, é que alguns diplomatas brasileiros teriam se reunido com a ONU para alertar sobre possíveis “problemas” que o deputado poderia causar durante o evento.

O petista foi credenciado e preparou um relatório alternativo ao do governo, mas terá que apresentá-lo em outra sala, onde estarão apenas civis e sem a presença da maioria do governo.

Esse exame da ONU ocorre periodicamente com governos de todo o mundo. Os países formam delegações responsáveis para defender suas posições. A última edição no Brasil aconteceu em 2012 e na ocasião o deputado que ocupava o cargo de Paulão foi incluso na sabatina. Tratava-se de Domingos Dutra.  Naquele momento, tanto os representantes do governo como a comissão eram do mesmo partido. 

Na época, Dutra foi autorizado a discursar. Nos anais do encontro, documentos apontam ele, então presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, citou importantes progressos na esfera legislativa, mencionando exemplos como a lei de criação da Comissão Nacional da Verdade; a lei garantindo acesso à informação e o projeto de Emenda Constitucional no 438 sobre a expropriação de propriedades onde o trabalho escravo é praticado”. 

 Nesta quinta-feira, 4, o Itamaraty garantiu que  Paulão faria parte da delegação e que foi a missão do Brasil em Genebra que o ajudou a obter seu credenciamento. 

Mas fontes de alto escalão da ONU revelaram que, na terça-feira, diplomatas se reuniram com a ONU para debater a situação do deputado Paulão. O governo estaria preocupado com eventuais “distúrbios” que ele poderia causar e usou o encontro para alertar os funcionários da entidade. 

A missão do Brasil em Genebra não se pronunciou sobre o assunto. Já o Itamaraty, em Brasília, indicou que “o deputado Paulão está sendo credenciado e terá assento junto à delegação brasileira”.

 Segundo o Estadão o deputado indicou que durante dias o governo “fez de tudo para dificultar” sua viagem e explicar a agenda de trabalho. Ao se reunir nesta quinta-feira na missão brasileira, Paulão não recebeu nenhuma indicação de que seria autorizado a falar. Mas foi convidado para uma bacalhoada promovida pela missão, ao final do exame. O deputado agradeceu, mas recusou o convite.

*com informações Estadão

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