Se o jantar entre Eduardo Cunha, Arthur Lira e Guilherme Derrite pretendia passar despercebido, não contou com um detalhe: o incômodo de Renan Calheiros. O senador alagoano não só viu a imagem como tratou de publicá-la em suas redes sociais, adicionando a ela uma boa dose de ironia, crítica e um aviso de que aquele bacalhau poderia ter mais espinhas do que parecia.
Renan acusou o encontro de ser uma possível “tentativa de minar a PF” e ainda apelidou o relatório do PL Antifacção, sob responsabilidade de Derrite, de “quatro rabiscos ruins” cujo foco seria blindar condenados e investigados. A corte estava ali, segundo ele, dividindo a mesa — e deixando de fora o “bobo da corte”, cuja identidade o senador não fez questão de esconder que tinha em mente.
“Combater o crime organizado é um desafio mundial. Os 4 rabiscos ruins do relator na Câmara têm foco único e inaceitável: minar a autonomia da PF e blindar condenados e investigados. Eles dividem a mesa na corte, mostrando quem manda e quem é o bobo da corte, ausente na foto.”, postou Renan, junto à imagem em seu Instagram.
O tal jantar ocorreu na quarta (12), no Manuelzinho, onde o trio chegou perto das 22h, pediu duas garrafas de Vinha Grande e bacalhau, e passou o tempo conversando em tom baixo o suficiente para que ninguém ouvisse — mas não baixo o suficiente para impedir que Renan transformasse a foto em trending topic político.
Para além do cardápio, o assunto principal seria o PL Antifacção, projeto do governo que Derrite tenta conduzir mesmo enfrentando resistências dentro do PL, do PT e de parte dos governadores da direita. Tudo isso enquanto ele tenta se reerguer após duas derrotas seguidas na articulação do texto, peça-chave para seu plano de disputar o Senado em 2026.
Ao deixar o restaurante, já perto da meia-noite, Derrite foi perguntado novamente sobre a consultoria improvisada que recebeu à mesa. Preferiu não alimentar o noticiário: “Não vou falar nada”. E entrou no carro.
Mas a essa altura, Renan já tinha falado por ele — e bem alto.










