Ao disputar a eleição para a Prefeitura de Maceió, em 2016, um partido que conseguiu obter destaque e se credenciar para o pleito de 2018 foi o PSOL. Nem tanto pela votação obtida, mas sim pelo discurso sem excesso de radicalismo e por lançar um nome desconhecido no mercado da política alagoana.

Foram apenas cerca de 13 mil votos conquistados numa disputa em que o partido teve somente 13 segundos para falar com o eleitor no guia eleitoral. Além disso, e para dificultar ainda mais, o candidato não foi convidado para participar de nenhum dos debates ocorridos no 1º turno.

Apesar disso, a atuação do candidato Gustavo Pessoa impressionou pela postura, clareza do discurso e pelos temas escolhidos para dialogar com o eleitorado da capital por míseros segundos.

2018 vem aí. Apesar de todas as dificuldades enfentadas em 2016, é exatamente por conta do resultado dessa eleição municipal que o PSOL projeta o lançamento de candidaturas para todos os cargos. Gustavo Pessoa será candidato a governador, senador, deputado estadual, federal, ou está fora da disputa?

Leia abaixo entrevista com Gustavo Pessoa onde ele faz essas revelações, analisa o quadro local, a crise de confiança nos partidos, alianças, Heloísa Helena, e as implicações da Lava Jato na política nacional e local:

O PSOL vai mesmo disputar as eleições em alagoas em 2018?

Certamente, um partido que tem desempenhado o papel que estamos desempenhando na esfera nacional e que obteve uma votação tão expressiva na ultima eleição em Maceió, diante de tantos obstáculos não pode deixar de dialogar com uma fatia do eleitorado que se identifica com o nosso programa e enxerga no nosso partido a expressão das suas demanda. Apresentaremos nomes e um programa de transformação para o Estado.

Mas vai disputar o Governo e o Senado, por exemplo?

Pretendemos apresentar nomes em todas as esferas. Disputaremos com nomes qualificados os cargos proporcionais e apresentaremos uma candidatura majoritária capaz de romper a falsa polarização que se anuncia

Você será candidato a algum cargo?

Sou ciente das minhas responsabilidades para com o PSOL e reconheço que essas responsabilidades aumentaram muito depois da votação obtida no ultimo pleito. Contudo, o PSOL é um partido cuja atuação não se restringe a esfera eleitoral. Nesse momento minha prioridade é unir os partidos e organizações progressistas em torno de uma agenda de combate aos retrocessos implementados pelo governo federal. Sou um homem de partido e estarei à disposição do partido pra cumprir o papel que for melhor em 2018.

Qual a sua avaliação sobre a lava jato e as implicações contra o PT, PMDB, PSDB, entre outros?

Acho que esses partidos são mais afetados por terem seus principais quadros citados nas delações. É sintomático que justamente agora tenha ganhado tanta ênfase a discussão torno da lista fechada numa reforma politica. Acho que há uma clara tendência do sistema politico vigente no sentido de blindar seus quadros tradicionais que estariam ameaçados em 2018 e na mira dos homens de Curitiba.

Esse momento político da operação Lava Jato terá implicações nas eleições em alagoas?

Ignorar a importância da Lava Jato na atual quadra histórica seria de uma miopia politica enorme. Imagino que veremos impacto tanto no que se refere ao formato de financiamento das campanhas quanto no que se refere ao discurso que tende a se pautar num debate em torno da ética. No entanto, eu penso que podemos chegar em 2018 com uma certa fadiga por parte do eleitorado sobre a questão da corrupção por conta do agravamento das questões econômicas como desemprego. Esse eleitor tende a exigir respostas para suas demandas reais e imediatas tornado o debate menos abstrato.

O PSOL tem conversado com quais partidos em Alagoas?

O PSOL está aberto ao debate com os setores progressistas desde já pra construir uma frente de combate às reformas do governo Temer. 2018 será debatido em 2018. Teremos, ainda, um congresso nacional rico e produtivo no qual elegeremos nossa próxima direção nacional ao tempo em que debateremos alianças.

O PSOL pode se aproximar de Heloísa Helena, ou vice-versa?

Não temos absolutamente nenhum problema com a senadora e eu pessoalmente reconheço a sua importância pro nosso campo politico. Mas só ela pode falar sobre seu futuro politico.

Você percebe que há uma imensa indefinição sobre os verdadeiros candidatos e grupos em 2018, isso a um ano, praticamente, da disputa?

Acho que sim. Mas é até certo ponto natural que isso ocorra em virtude do momento histórico e do enfraquecimento das instituições democráticas.

você consegue compreender os motivos e causas?

Acabamos de retirar do poder uma presidente eleita com 54 milhões de votos sem crime de responsabilidade. Acho que isso gera uma descrença nos veículos naturais para o encaminhamento do dialogo e das pactuações. Acho que o momento é delicado para projeções. O cenário tem mudado numa dinâmica muito rápida

As esquerdas podem ter candidatura única em AL ou isso é ilusão?

Acho que devemos lutar pela unidade. Essa é a disposição do PSOL. Trabalhar por uma frente que possa agregar as forças progressistas em Alagoas.

Você admite ser candidato em 2018...

Sim. Não descarto essa possibilidade e provavelmente estarei na disputa.

Pra encerra e insistindo: Gustavo Pessoa será candidato a governador ou senador?

Serei candidato ao cargo definido pelos meus companheiros. Sou um homem de partido e isso está acima de eventuais ambições pessoais. O PSOL possui instâncias internas que no momento oportuno serão consultadas. As instâncias internas do partido serão convidadas a se manifestar sobre as candidaturas. Quero acrescentar só o crescimento qualitativo e quantitativo do partido depois da última eleição. Isso é algo muito significativo.