Nura é africana de Guiné Bissau e estudante de Direito da Universidade Federal de Alagoas e na II Roda de Construção de Diálogos Yépada: Diálogos Afro-Contemporâneos, que aconteceu dia 26/04, dialogou sob o tema: "Ser Jovem em Áfricas",
A II Roda foi promovida pelo Instituto Raízes de Áfricas, com o apoio do Governo Federal, Governo do Estado de Alagoas, Prefeitura de Maceió, deputada estadual, Jó Pereira,AMA e a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas..
Ao iniciar a fala, Nura asseverou que é muito difícil fazer um paralelo entre ser jovem no país africano e no Brasil. São conceitos dissonantes.
-Quando cheguei aqui me causou certo espanto por ser a única estudante no curso considerado de elite.
No meu país- diz ela. Nunca teria medo de me deparar com outro jovem preto nas ruas e temer ser agredida. No Brasil a juventude preta é muito marginalizada.
Foi só aqui que descobri o conceito de racismo. Tive um amigo que desistiu de viver, em Alagoas e preferiu viver e estudar em Fortaleza.
Durante a seleção para o programa federal de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G), que possibilita a pessoas de outros países cursarem ensino superior no Brasil, o entrevistador não dá muitas informações sobre Alagoas, que é descrita como um estado de belas praias. Para muitos de nós, Maceió se resume a Ponta Verde. É assim que se vende Alagoas.
E ninguém fala sobre o racismo?- Pergunta um participante fazendo intervenção. E ela:- Não. Só se fala das praias, principalmente da Ponta Verde.
E refletindo diz:- Eu gosto de fazer tranças no meu cabelo, mas me foi aconselhado que essas tranças criam uma imagem social inferior, ligada aos pobres da favela.
Os conceitos do Brasil em relação aos jovens pretos são muito diferentes de Áfricas.
A começar pelo racismo- finalizou.