Sindicalistas da ALE reagem a publicação de lista de efetivos: “execração pública”

20/04/2017 14:11 - Vanessa Alencar
Por redação
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Representantes dos servidores da Assembleia Legislativa (ALE) reagiram à divulgação, na tarde de ontem, 19, do anexo IV do relatório da auditoria realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na folha de pagamento do quadro efetivo da Casa. O documento foi divulgado pelo deputado Rodrigo Cunha (PSDB) em seu site oficial.

Com mais de 200 páginas, a lista contém dados como nomes dos efetivos (ativos e inativos), pensionistas e ex-deputados, com as respectivas datas de nascimento e de admissão no Poder Legislativo e os cargos ocupados.

Do documento não constam, no entanto, informações importantes, como lotação de cada servidor ativo – essencial para o controle de frequência, por exemplo – e o valor recebido a título de gratificações.

A lista também não aponta quem trabalha efetivamente ou não na Assembleia Legislativa. Tal questionamento ficou por conta de Cunha e da deputada Jó Pereira (PMDB), pois é visível que tem muita gente ali que nunca deu um dia de serviço no parlamento alagoano.

O que os deputados que não integram a cúpula do legislativo podem fazer é isso: questionar, denunciar, cobrar e até provocar o Ministério Público ou a Justiça. No entanto, apontar nomes e adotar as providências devidas é papel da Mesa Diretora.

Ontem, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Legislativo (STPLAL), Zilneide Lages, e o presidente da Associação dos Servidores da ALE (Assala), Eduardo Fernandes, encaminharam um ofício ao deputado Rodrigo Cunha falando sobre a preocupação com a divulgação dos dados.

Os sindicalistas destacaram que as duas entidades defendem a transparência, mas ela “não pode comportar a execração pública”. “Expor os nomes dos servidores sem a instauração do devido processo legal é estimular o dano civil e material contra quem não teve o direito de exercer sua defesa”, afirmaram.

Confesso que não enxerguei tal “execração pública” na divulgação dos nomes dos servidores com seus respectivos vencimentos. Trata-se de informação pública – e ainda assim incompleta.

Em relação aos servidores fantasmas, todo mundo sabe que eles existem e vivem em seus mundinhos paralelos sem ser incomodados. Eu mesma já ouvi dois deles se gabando de não pisarem na ALE há muitos anos, graças ao padrinho político de ambos, um deputado com mandato.

Afirmar isso sem pudor algum é que é execrável. Receber dinheiro público sem trabalhar por ele e ainda se gabar da “esperteza” é que é execrável.

Mas, voltando aos servidores que efetivamente trabalham, é estranho, por exemplo, que nem Sindicato nem Assala tenham reagido ainda ao fato do “ponto seletivo” adotado em alguns setores da Casa de Tavares Bastos.

Enquanto centenas de parasitas não sabem sequer o endereço da ALE, os poucos que trabalham diariamente são obrigados a assinar um ponto de frequência impresso, sob pena de ter os salários cortados.

Isso também não seria execrável?

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