Radialistas repudiam portaria proibindo trabalho da imprensa na Câmara de Palmeira

17/02/2017 12:11 - Kleverson Levy
Por Kléverson Levy
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O clima entre a Câmara de Vereadores de Palmeira dos Índios e a imprensa local não vai nada bem.

Após a polêmica sobre a Portaria de nº 002/2017, proibindo a permanência de 'assessores, profissionais da imprensa e demais pessoas alheias às atividades da Câmara', no Plenário da Casa, o legislativo convocou uma coletiva para esclarecer questionamentos que ficaram sem explicações. 

De acordo com assessoria da Câmara palmeirense, os profissionais da imprensa (leia-se jornalistas, radialistas, blogueiros, entre outros) estão convidados para a primeira coletiva de imprensa da Mesa Diretora da 18ª legislatura. O encontro vai acontecer na próxima quarta-feira (22), às 8hs, no Salão Nobre da Casa.

Na ocasião, a Mesa Diretora irá informar e esclarecer sobre a nova estrutura organizacional da Casa de leis e demais dúvidas. 

Contudo, a proibição na sessão da última quarta-feira, 15, provocou repúdio nas emissoras de rádios, portais de notícias e, inclusive, boa parte da população. Em contato com este jornalista, alguns colegas da imprensa relataram como a presidência da Câmara, comandada pelo vereador Júnior Miranda (PSL), cessou o direito de informar aos cidadãos. 

"“A mesa diretora deu uma 'tapa na cara da imprensa' que está ali para fazer o seu papel. Seria muito simples enviar um email informando novas regras da casa. Os profissionais de imprensa estão unidos no sentido de repudiar a decisão e se necessário provocar até o Ministério Público de Alagoas (MPE). Nas outras legislaturas nunca tivemos problemas, nem encontramos nenhum obstáculo para fazer o nosso trabalho. Vejo isso como uma falta de respeito com a categoria e uma afronta à Constituição”, ressaltou o radialista Djalma Lyma, do Portal TodoSegundo. 

Em seu programa na Vitório FM, o radialista Marcelo Lima também ficou indignado com a atitude tomada pelo presidente do legislativo palmeirense, Júnior Miranda. Lima reforçou que a medida atinge o direito e o dever de informar que é papel da imprensa. 

"Nosso trabalho não precisa estar dentro do plenário, mas atinge o direito de informar que é dos profissionais. Vou continuar noticiando independente se vereador achar bom ou ruim. Nosso dever de informar ele vai permanecer. Em que o profissional de imprensa vai interromper o trabalho na Câmara de Vereadores? Em nada! A não ser que eles [os vereadores] tenham interesse que a população fique sem saber o que estão fazendo. O trabalho da imprensa é informar e cumprir a missão que temos todos os dias em repassar os fatos para população", rebateu o radialista. 

Já a assessoria de imprensa da Câmara de Palmeira informou que a portaria não proíbe o acesso às instalações da casa. Ao blog, a assessoria reiterou que a medida visa proporcionar mais organização aos trabalhos legislativos e limita o acesso ao Plenário durante a realização de sessões ordinárias. 

"A medida tem o objetivo de melhorar o trabalho dos próprios vereadores e assessores da casa, disciplinando o acesso ao Plenário e obedecendo à capacidade física do espaço. Seguimos os parâmetros da Câmara Municipal de Maceió, Assembleia Legislativa de Alagoas, Câmara dos Deputados e Senado Federal. A imprensa pode entrar no plenário durante qualquer sessão. Só não é permitido a permanência", informou.. 

Passou a chave na porta

Por outro lado, a jornalista Grazi Duarte, do Estadão Alagoas, explicou que foi surpreendida com a medida que proibia a entrada de seus colegas no local. Duarte destacou ainda que a portaria foi aplicada a um número limitado de profissionais e que o direito foi cerceado quando a porta do plenário foi passada a chave. 

"A princípio fui à Câmara para cobrir o primeiro dia de atividades da casa. Fui surpreendida pela tal Portaria 002/2017 que proibia a entrada da imprensa no plenário. A 002/2017 aponta permanência, mas tivemos nosso direito cerceado sim porque a porta do plenário estava fechada de chave. A Portaria foi aplicada apenas a um número limitado de profissionais, não serviu a todos. A Câmara deslumbrou de oferecer provas sólidas que abonem tal posicionamento. Apesar da assessoria afirmar que nada disso ocorreu,  reafirmo que ocorreu sim. Eu, como profissional de comunicação, tive meu trabalho prejudicado, pois, também trabalho com imagens e fiquei limitada nas minhas atividades", finalizou Grazi Duarte. 

No entanto, se os vereadores (são 15) estão temendo pela presença da imprensa, acredito que algo deve ter a esconder. Do contrário, caríssimos representantes do povo, deixem que os colegas façam o trabalho profissionalmente e que a população tenha direito de saber o que ocorre dentro de uma casa legislativa. 

Ou então... fico com a certeza das palavras espontaneamente - via whatsapp - da vereadora Adelaide França (PMDB).

"Eu não tenho medo da pressão popular e da imprensa. Fazer o meu trabalho com minhas convicções. Só me preocupo que me chamem de quatro adjetivos (quais?). O resto, tô nem aí! Não estou preocupado com a imprensa, principalmente, com a imprensa marrom. A imprensa que só quer quanto mais ruim melhor", esbravejou a parlamentar no áudio. 

Será? 

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