O depoimento de Rita namé, viúva do vereador Luiz Ferreira, foi em tom de emoção e pedidos de justiça para o que ela classificou como crime político. Ela foi a primeira a prestar depoimento ao juiz Geraldo Amorim, nesta quinta-feira (16), durante o julgamento dos réus Alessander Ferreira Leal, Tiago dos Santos Campos e Everton Santos de Almeida, todos acusados no envolvimento da morte, em Anadia.
Familiares e amigos da família de Luiz Ferreira lotaram a 8ª Vara Criminal, no Fórum do Barro Duro, para pedir justiça pelo caso. O julgamento é conduzido pelo juiz Geraldo Amorim.
"Luiz tinha descoberto falcatruas da prefeita Sânia Tereza. E para não deixar isso continuar acontecendo, só matando ele", disse durante o testemunho a professora universitária Rita Namé. , viúva de Luiz Ferreira de Souza. Rita Namé pediu para os acusados não acompanharem seu testemunho. "Esse direito eu tenho. Não os quero olhando para mim e também não quero olhar para eles", disse emocionada.
Ao longo do seu relato, Rita classificou o assassinato do marido como um crime político e afirmou que a vítima se preparava para denunciar a então prefeita de Anadia, Sânia Tereza, por desvios de recursos públicos. "Ele foi eleito pela coligação que apoiava a prefeita. Mas, ao descobrir as falcatruas, tomou posição pública de oposição. O Luiz iria denunciar todo o desvio que vinha acontecendo e a situação de enriquecimento ilícito da Sânia", declarou.
Rita descreveu o marido como um homem idealista e que sonhava em transformar Anadia em uma cidade próspera. Para ela, Luiz Ferreira começou a desconfiar do mandato de Sânia logo nos seus primeiros meses.
"Ela e a família mudaram muito o estilo de vida, desfilavam de carros pela cidade. Mostravam um estilo de vida totalmente diferente do que tinham antes da eleição. Luiz dizia que havia alguma coisa errada", lembrou ela.
Rita ainda afirmou que na véspera do assassinato, a então prefeita e o também acusado pelo assassinato Alessader Leal, estiveram em sua casa para tentar convencer a vítima de que a administração estava sendo conduzida sem nenhum tipo de improbidade.
"Eles mostraram alguns papéis, algumas propostas de licitações. Mas Luiz achou que estava tudo errado, que havia coisas ilegais. Ele disse que os documentos deviam ser levados para a Câmara dos Vereadores e não para a casa onde residia", contou a viúva.
Rita Namé terminou seu depoimento afirmando que é preciso fazer justiça e que a morte de um homem "que só fazia o bem, não pode ficar impune".
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O crime
Após revelar em uma entrevista na rádio de Maribondo, que estava disposto a brigar pela prefeitura de Anadia, o médico e ex-vereador do município, Luiz Ferreira de Souza, foi vítima de uma emboscada e morreu após ser atingido por 13 tiros quando retornava ao município.
No dia 12 de setembro do decorrente ano, Sânia Tereza foi presa, quando a Polícia Civil deflagrou uma Operação de Força-tarefa na cidade de Anadia. Na ocasião, também foram presos o ex-marido dela e um policial militar. No relatório entregue à Justiça, a polícia concluiu que o médico e parlamentar de Anadia foi morto porque representava um grande obstáculo para os interesses políticos da prefeita. Em 21 itens, foram relacionadas todas as provas técnicas e evidências durante as investigações que duraram quase dois meses.
Com base em depoimentos, documentos, provas técnicas e laudos periciais, os três delegados que investigaram o caso indiciaram Sânia por homicídio qualificado e formação de quadrilha.
*Com informações Ascom MPE/AL