Muito mais do que a ação civil pública ajuizada pela a 16ª Promotoria de Justiça da Capital para suspender a implantação do sistema de estacionamento rotativo pago, conhecido por “Zona Azul”, lançado pela prefeitura de Maceió, está o risco de imenso desgaste político para Rui Palmeira não só para agora, mas também para o futuro.

Em qualquer projeto é preciso observar não só os riscos jurídicos e os bons resultados financeiros, mas, especialmente, as consequências políticas. E no caso de estacionamento rotativo, do ponto de vista político e da forma como foi lançado, é simplesmente desastroso.

Porque simplesmente só se olhou para o retorno financeiro, para o dinheiro novo que chegaria para o município via SMTT, onde o projeto foi gestado. Ainda bem que o MPE coloca o dedo no problema, o que pode significar a saída para Rui Palmeira rever e alterá-lo.

É que pode recair sobre o prefeito a insatisfação dos usuários dos estacionamentos e das ruas ao redor que não vão ganhar benefícios como melhoria da iluminação e do asfalto, além da presença de guardas municipais, por exemplo.

E o que mais grave: O que será dos pobres flanelinhas que vivem nos estacionamentos? Simplesmente vão perder a renda miserável que recebem para cuidar dos carros? É incapaz o município de oferecer uma qualificação para que possam sobreviver? Há algum projeto?

Pois bem, caro leitor, imagine um protesto dos flanelinhas, pneus queimados, mulheres e filhos desses pobres coitados apoiando o movimento, polícia e imprensa presentes, correria, confusão.

Meses depois, 2018, campanha eleitoral. Uma equipe de TV de um candidato entrevista a mulher e os filhos de um daqueles flanelinhas que perdeu o sustento e foi morto ou está preso porque teve que entrar no mundo do tráfico para sobreviver.

E qual foi o início dessa tragédia? Um projeto do prefeito Rui Palmeira colocado sob suspeição pelo MPE para arrecadar mais dinheiro. Isso é campanha eleitoral. Verdade e mentira não importam, mas sim a versão.

Portanto, antes que a Zona Azul vire uma Zona Negra o melhor caminho é observar, também, as consequências de uma decisão e suas implicações sociais, políticas e humanitárias.

O que impressiona nesse caso é falta de visão da assessoria do prefeito, (leia-se SMTT), incapaz de um mínimo de projeção futura.

Aliás, a pior coisa para um político é ter ao seu redor assessoria sem capacidade de análise de risco e de pontos positivos e negativos.

Dinheiro nem sempre é tudo no comando de um município.

E nesse ofício o que fica para sempre é o que as pessoas pensam do político.