A polêmica nacional do momento é a indicação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o Supremo Tribunal Federal. As críticas surgem de todos os lados, afinal de contas, ele será o revisor das ações da Lava Jato, onde antigos e atuais amigos e aliados políticos foram delatados, casos do presidente Temer, dos senadores José Serra e Aécio Neves, ambos do PSDB, entre outros.

O ministro já foi filiado ao PMDB, DEM e agora está no PSDB, que o indicou para a pasta. Ganhou a confiança de Michel Temer no ano passado, quando era secretário de Segurança Pública de São Paulo. Temer o procurou e pediu ajuda para investigar a clonagem do celular de sua esposa, Marcela. O caso foi resolvido em 40 dias, com a prisão e condenação do suspeito.

Bom, as duras críticas contra o indicado são contundentes. Anteriormente, nenhum indicado foi tão questionado. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) diz que a indicação de Moraes “é a lama no fundo do poço”.

O Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da USP, onde o ministro se formou, disse que ele “demonstrou ao longo de sua trajetória desrespeito a princípios fundantes da Carta Magna. São constantes declarações e posturas histriônicas e fortemente partidarizadas”.

A jornalista Miriam Leitão disse que o governo “errou na indicação. Temer foi citado na Lava-Jato, vários dos seus ministros também, alguns deles já estão sendo investigados. Esta não é a hora de escolher para o STF alguém da sua copa e cozinha e membro do PSDB". O também jornalista José Nêumanne diz que “amigo e subordinado de Temer, apoiado por partidos, Moraes não tem independência para STF".

Bom, são várias reclamações, mas, há uma defesa importante, que é a do ministro do STF, Gilmar Mendes. Alexandre de Moraes é qualificado e “tem todos os predicados para compor o STF". Mendes falou de outros ministros com vínculos partidários: 'Tivemos o Ayres Britto, Toffoli foi advogado do PT, Fachin tinha posicionamento político e isso em nada afetou os julgamentos. Não teve contaminação'.

Bom, fato é que a turma de procuradores lá de Curitiba está preocupada. É que mesmo com a redistribuição da Lava Jato no STF para Edson Fachin “a escolha do novo Ministro terá forte impacto na Lava Jato e nas demais investigações sobre corrupção. Isso especialmente em razão da orientação do tribunal sobre a execução provisória da pena. Ano passado, o tribunal entendeu que ela é possível, por 6 votos contra 5. O Ministro Teori estava dentre os vencedores. O novo Ministro pode inverter o placar", diz o procurador Deltan Dallagnol.

Ou seja, caro leitor, Alexandre de Moraes é, como ministro da Justiça, e será como ministro do STF, peça-chave na continuidade e no futuro das investigações.

O que o presidente Michel sente por nós, opinião pública, é nada, coisa alguma. Afinal de contas, ele não foi colocado na chefia do poder pela classe política que teme ir para na cadeia.

E no dia da indicação de Alexandre Moraes, mais uma bomba: Reportagem sobre o seu patrimônio mostra evolução milionária no serviço público.

“Entre os anos de 2006 e 2009, quando foi membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e secretário do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), Moraes comprou oito imóveis por 4,5 milhões de reais. A lista de aquisições inclui dois apartamentos luxuosos em São Paulo, onde vive, e terrenos em um condomínio dentro de uma reserva ambiental”. (Sobre o patrimônio de Moraes, leia mais aqui).