O pesquisador e economista americano e codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington, Mark Weisbrot, avalia que o afastamento de Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade causa degradação maior das instituições e do Estado de direito.
Mark Weisbrot, que também é presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa, afirma que "foi exatamente o que aconteceu, seguido pela repressão política que quase sempre acompanha esse tipo de mudança de regime”.
E cita como exemplo dessa degradação a invasão, a tiros, pela polícia a uma escola do MST em São Paulo. Também não deixa de criticar a questão do Judiciário brasileiro, especialmente quanto ao STF.
Para ele, a politização do Judiciário já era um problema de importância maior no período que antecedeu o afastamento de Dilma. “Agora assistimos a uma corrosão maior das instituições, quando um juiz do Supremo Tribunal Federal emitiu uma liminar afastando Renan Calheiros da presidência do Senado”.
Considera, ainda, a PEC do teto dos gastos como escandalosa por ser um inusitado compromisso de longo prazo com a pobreza crescente. "A deterioração da democracia, do Estado de direito e dos direitos civis é o que ocorre quando uma elite corrupta utiliza uma 'mudança de regime' ilegítima para aprovar à força mudanças estruturais grandes e regressivas para as quais jamais ganharia apoio nas urnas", diz o economista.
Por fim, conclui cravando que o governo Temer não tem nada a oferecer, “exceto uma repetição do fracasso econômico de longo prazo de 1980-2003, que a população não vai aceitar. Vem daí a degradação que está promovendo das mais importantes instituições políticas do país".