A campanha “setembro verde” busca conscientizar a população para o transplante de órgãos no país. Em Alagoas, pelo menos 265 pessoas estão na lista de espera para receber um novo órgão, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) que compreende o primeiro semestre de 2016.

O número é considerado alto. Das 265 pessoas, 121 precisam de um novo rim, 3 necessitam de transplante urgente de coração e 141 de córnea. Devido ao alto índice de recusa das famílias para doação de órgãos de cadáveres, apenas três transplantes foram realizados efetivamente em Alagoas, sendo o 7º pior estado do país com menor número de operações.

O pessimismo aumenta se comparado ao primeiro semestre de 2015, onde só foram realizados cinco transplantes, número que é também considerado baixíssimo. E o pior, o número de recusas e doadores com problemas de saúde não ajudam na realização de novos transplantes. Treze pessoas foram perguntadas se doariam seus órgãos, cinco responderam que sim, duas disseram não e outras oito não podem doar por problemas de saúde.

A assistente social da Central de Transplantes de Alagoas, Lisieux Ferro, concorda com o baixo número e com as dificuldades na captação de órgãos. Porém, não falta trabalho para buscar possíveis doadores através de formas educativas.

“Estamos lutando paara melhorar esse número. Há muito tempo temos conseguido conquistas, como a Organização de Procura de Procura de Órgãos (OPO), onde essa equipe é formada por dois médicos que estão de plantão 24 horas por dia, sete enfermeiros, um agente administrativo e uma psicóloga. Eles fazem buscas de possíveis doadores de domingo a domingo. Temos dificuldades, mas estamos tentando saná-las”, disse Lisieux.

A assistente social ainda adiantou que este mês a Central de Transplantes deve realizar palestras e campanhas educativas em toda a capital e nos hospitais.

“No dia 25 de setembro, a equipe estará na “rua fechada” da Ponta Verde com cartazes e panfletos para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos. No dia “D”, que é no dia 27 de setembro, faremos campanha no Maceió Shopping. Inclusive, as luzes do Palácio, da Associação Comercial e da secretaria de cultura estarão da cor verde, em alusão ao mês verde”, concluiu a assistente social.

Transplantes no Brasil

No Brasil, os dados também não são animadores. A projeção de número total de transplantes pode cair em até aproximadamente 50% em realação a 2015. Os dados da RBT dizem que quase oito mil transplantes foram realizados no ano passado, enquanto a projeção para este ano apenas quatro mil serão realizados.

O número de pessoas na lista de espera chega a 33 mil, enquanto no ano passado, no primeiro semestre, foram de 32 mil pacientes. Apenas 1.431 transplantes foram realizados este ano, sendo 391 deles em São Paulo e nenhum realizado nos estados Amapá, Mato Grosso, Roraima e Tocantins.

Como se tornar doador?

Qualquer pessoa pode doar órgãos, sendo vivo ou de cadáver, porém há uma restrição: após a morte, somente familiares de até segundo-grau de parentesco devem autorizar, por escrito, a retirada dos órgãos. Portanto, não basta você querer ser um doador de órgãos, a família também precisa saber do desejo de ser um doador.

É possível também a doação entre vivos, no caso de órgãos duplos (ex: rim). No caso do fígado e do pulmão, também é possível o transplante entre vivos, sendo que apenas uma parte do órgão do doador poderá ser transplantada no receptor.

O "doador vivo" é considerado uma pessoa em boas condições de saúde – de acordo com avaliação médica – capaz juridicamente e que concorda com a doação. Por lei, pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos podem ser doadores. Não parentes podem ser doadores somente com autorização judicial.

*Estagiário