Os dedos velozes da menina-moça desvendam o tecido, tecendo um encontro precioso com as tradições que compõem o universo do povo preto no Brasil.
Os dedos ligeiros da menina criam as bonecas Abayomis, redescobrindo as pretas africanas, que resistiram aos açoites do abandono, da morte que insinuante, rodeava as águas dos navios tumbeiros.
Abayomi é elemento de afirmação das raízes africanas. Símbolo de resistência, tradição e poder feminino.
Poder ancestral.
Os dedos da menina inventam uma conversa ao pé do ouvido, com os nós e tranças do tecido em suas mãos.
Cumplicidade.
A menina retroalimenta a fé e sorri, pensando no vento que bate nas folhas no meio da rua, levantando-as do chão, numa sinuosa dança de liberdade.
E com a dança da liberdade na cabeça,a menina dá vida a sua Abayomi.
Posso levar para casa?- pergunta à professora
E a professora, curiosa, quer saber por quê. Ela responde que quer dormir com a boneca, fruto de seu trabalho.
A Abayomi desde épocas remotas funciona como talismã ou amuleto de proteção.
A menina, como uma anti-heroína na cultura urbana, constrói suas abayomis com os sonhos passeando pelas lonjuras e a alma pensando nas possibilidades.
O Projeto Oficina Abayomis ou Encontro Precioso, idealizado pelo Instituto Raízes de Áfricas,com o apoio da SEPREV,SEFAZ e SEBRE investe em sonhos e sabe que na palavra possibilidades há inúmeros caminhos de encontros.