O ex-ministro do Planejamento e Comunicações dos governos Lula e Dilma, Paulo Bernardo, preso preventivamente nesta quinta-feira na Operação Custo Brasil, a 18ª fase da Lava Jato que investiga o petrolão, recebeu cerca de 5,6 milhões de reais do esquema de corrupção montado no Ministério do Planejamento, entre 2010 e 2015, segundo o Ministério Público Federal em São Paulo.
As investigações apontam que a fraude no ministério desviou cerca de 100 milhões de reais e irrigou o caixa do PT durante esse período.
Os investigadores afirmam ter elementos de que agentes públicos da pasta, comandada na época por Paulo Bernardo, direcionavam licitações em favor da empresa de tecnologia Consist Software, que gerenciava créditos consignados para servidores federais. A Consist é apontada pelo juiz Sérgio Moro como a responsável pelo pagamento de propina a partidos e políticos.
O que foi supostamente desviado ia para contas bancárias do PT, de servidores, entre eles o próprio Paulo Bernardo, e de operadores responsáveis por lavar o dinheiro.
Em entrevista à imprensa, na manhã desta quinta-feira, o procurador Andrey Borges de Mendonça assegurou que tem provas seguras do envolvimento do ex-ministro na fraude, e revelou como parte do esquema funcionava. Segundo ele, pelo menos 7 milhões de reais que foram remetidos para um escritório de advocacia, em Curitiba, que, por sua vez, repassou 80% desse montante (5,6 milhões de reais) para Paulo Bernardo por meio de um contrato fictício, foram comprovados por meio de notas fiscais.
Tipo, o então ministro contratou uma banca de advogados para serviços que nunca existiram.
“O advogado Guilherme Gonçalves recebia esses valores e direcionava 80% às custas de Paulo Bernardo. O dinheiro servia para pagamento de empregados do ex-ministro e do advogado e de custos de honorários referentes a ações na Justiça Eleitoral”, descreveu o procurador, afirmando que os investigados faziam parte de uma “organização criminosa” instalada no “coração do governo”.
A bancada do PT no Senado divulgou nota de solidariedade à colega Gleisi Hoffmann, esposa do petista preso. O texto diz que a prisão do ex-ministro é uma cortina de fumaça para encobrir “fatos gravíssimos de corrupção que atingem diretamente o governo provisório, o qual se instalou justamente para tentar paralisar as investigações da Lava Jato”.
Penso que os senadores petistas e a própria cúpula nacional do partido perderam completamente a noção do que é real. Continuam a viver no país de Alice, alheios a tudo, a imaginarem que o povo brasileiro comunga das mesmas fantasias que eles.
Lamentável que continuem a subestimar a percepção popular e fazer pouco caso da ética pública.