A doce prisão do delator Sérgio Machado.
Machado, ex-presidente da Transpetro, uma subsidiária da Petrobras, confessou o repasse de mais de R$ 100 milhões em recursos ilegais para políticos, gravou conversas para comprometer alguns deles, como o presidente do Congresso Renan Calheiros, o ex-presidente da República José Sarney, e o ex-ministro senador Romero Jucá, pagará uma multa de R$ 75 milhões, usará tornozeleira eletrônica e cumprirá três anos de pena em sua casa, uma mansão com quadra poliesportiva e piscina, em um bairro nobre de Fortaleza, no Ceará.
Ele poderá ser condenado a até 20 anos de prisão, automaticamente revertidos em pena alternativa. Os três filhos de Machado, também envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras, não terão qualquer pena de reclusão.
Dos três anos em prisão domiciliar, o delator passará dois anos e três meses em regime fechado diferenciado e nove meses em regime semiaberto, e já estão definidas oito datas até 2018 em que Machado poderá deixar sua casa, entre elas o próximo Natal. Durante o período da pena, a Justiça liberou que 27 pessoas, entre familiares e um padre, tenham acesso à casa como visitantes.
Tudo isso é resultado do acordo de delação premiada feita por Machado aos procuradores da Lava Jato e homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, incluindo aí que o delator poderá sair de casa para trabalhar e mesmo quando não estiver trabalhando, poderá ficar fora de casa por até seis horas ininterruptas.
Não foi por falta de incentivo que Machado entregou os aliados e ex-aliados de bandeja à Lava Jato.
Espera-se, agora, a comprovação das denúncias feitas, enquanto o réu confesso da corrupção sossega em casa sem risco de ir para a prisão.
A propósito, se Machado vai pagar multa de R$ 75 milhões, nem dá para contabilizar no imaginário brasileiro o quanto ele embolsou durante a presidência da Transpetro como intermediário de propinas.
E não dá para dizer que o petrolão acontecia a olhos fechados do governo petista, convenhamos. Os delatados por Machado, em sua maioria, eram do conluio do Planalto na época de Lula e de Dilma, os responsáveis diretos pela gestão e interesses da Petrobras. Impossível separá-los.
(Com informações da Folha de São Paulo)