As proibições de doações de recursos de empresas às campanhas eleitorais impostas pela nova legislação, aliadas ao descrédito na classe política e à efervescência dos debates nas redes sociais, impõem um desafio e tanto para quem está disposto a batalhar por votos nas eleições municipais de outubro. E a costura das coligações é o primeiro passo para garantir o mínimo de visibilidade das chapas majoritárias e proporcionais.

Sem a perspectiva de haver dinheiro para investir nos custos da promoção de eventos e no corpo a corpo com o eleitor, e muito menos recursos para a publicidade com materiais gráficos e de propaganda nas ruas, as novas mídias sociais e a propaganda eleitoral na TV e no rádio são espaços gratuitos valiosos, em que postulantes aos cargos de prefeito e vereador serão expostos na vitrine do debate democrático.

Com início previsto para agosto e dez dias a menos de duração, a propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio também foi reduzida pela metade do tempo de exposição diária nos chamados guias eleitorais. Este ano de 2016 será o primeiro laboratório para se verificar as consequências das modificações na legislação eleitoral.

Talvez por isso, pré-candidatos a vereador e a prefeito, estejam eles interessados na reeleição ou na conquista de mandatos, andam flertando com a ilegal antecipação da campanha eleitoral, pedindo votos quase que diretamente, ao participar de eventos públicos de ações de governos. E até mesmo investindo na exposição de questionamentos e debates sobre a crise política nacional, nas ruas de seus municípios e nas redes sociais da internet e via aplicativos como o WhatsApp .

Na reportagem de capa desta edição do CadaMinuto Press, a jornalista Candica Almeida fala sobre as articulações das candidaturas na capital e expõe os cálculos do valioso tempo do guia eleitoral da televisão, com base no desenho atual da formação das alianças.

A apuração revela, por exemplo, que o prefeito Rui Palmeira (PSDB) terá quase o mesmo espaço de exposição de projetos que o seu principal rival, o deputado federal Cícero Almeida (PMDB). Juntos ocuparão mais da metade dos dez minutinhos reservados ao ingresso nas residências dos eleitores.

Mas o cenário, apesar de tradicionalmente dar certa vantagem aos chapões, não garante nada, diante da avalanche de acontecimentos políticos do Brasil. E como não se pode mensurar o imprevisível, ao eleitor caberá buscar informações e avaliar, desde já, suas possibilidades de voto, sem esperar pelas estratégias do debate pré-fabricado pelos marqueteiros e as pesquisas qualitativas que moldam personalidades e caráteres no ambiente político.

Este editorial está publicado na Edição nº 133 do jornal CadaMinuto Press, que chega às bancas nesta sexta-feira (17) com os seguintes destaques: