Maria José da Silva, aos 58 anos é  franzina, tímida e com um fio de voz afirmou:- Minha gente eu quero que vocês me ajudem a encontrar o corpo do meu filho, vivo ou morto. E eu quero que  aconteça a  justiça dos homens.

É uma mulher frágil que se agiganta com o tamanho do desafio que  a morte abrupta do filho impôs a sua vida.

Quando falou no palco da   IV Conferência Estadual de Direitos Humanos, acontecida na última sexta-feira (4/03), em Maceió,AL, com palavras trêmulas, não encarou  a platéia, olhava timidamente, para dentro de si, do mundo que é  sua dor de mãe órfã de filho desaparecido. Olha para si com os olhos fechados.

Davi era a única companhia da mulher que repete, insistentemente, a angústia espalhada no discurso:- Me ajudem a achar o meu menino!

O adolescente desapareceu após uma abordagem da Radiopatrulha no dia 25 de agosto-2014, no conjunto Moacir Andrade, no complexo Benedito Bentes, na periferia de  Maceió, AL. De acordo com uma testemunha, Davi foi encontrado com uma pequena quantidade de maconha. Os policiais o colocaram dentro da viatura e desde então ele não foi mais visto.

É uma mulher  com o ventre infértil do filho.

É uma mulher pobre, preta e que suplica por ajuda.

E uma mulher como tantas outras  que vivem dias eternos embalando no colo,  o corpo- imaginário-  de um filho  desaparecido.

Jovens quase todos eles pobres, pretos da periferia.

Os três p da suspeição policial.

E o que estado tem para oferecer a mãe do Davi e tantas outras mulheres em seu dia?

Flores?

Poesia?

Homenagens?