Recebi, por e-mail,  do Daniel, jovem preto-consciente morador do Complexo Benedito Bentes , um dos bairros com o maior índice de vulnerabilidade para jovem negro viver, em Alagoas, e transcrevo:

 

“A instalação do Plano Juventude Viva foi muito bonita, mas, depois de tanto tempo, cadê as coisas concretas?

O Estado de Alagoas deve ter  preocupação com esse Plano , porque  jovens pretos e pobres , como eu,  continuam sendo assassinados, matando uns aos outros,  morrendo.

O papel do  estado  não é só o prender os tais bandidos. Tem que criar estrutura para que  jovens, principalmente, os da periferia, possam  desenvolver seu potencial.

A gente quer ter o direito de ter escola,  saúde, emprego, segurança e lazer.

Sim, temos direito a tudo isso, porque os bandidos que o estado prende hoje, são  muitos que não tiveram direito a isso tudo.

Tenho certeza que ninguém nasce bandido, muitas vezes,  é a vida  ruim, sem condições que arrasta para isso.

Cadê todas aquelas propostas do Plano Juventude Viva?

Morrem  MUITO mais jovens  pretos do que brancos ,e ninguém liga.

Sim, quem liga é a família, principalmente, a mãe.

Às vezes nem a família liga, diz que- com a morte do jovem-  se livrou de um peso.

É isso, a vida do jovem preto e pobre,  é um peso para muita gente.

As autoridades não ouvem o jovem. Querem que a gente aprenda  a coisa por osmose, enfiando goela abaixo.

Eu sou jovem, me chamo Daniel, moro no Benedito Bentes e quero ter o direito de falar.

O jovem  em Alagoas  não é levado  sério.”

Quem vai ouvir os jovens?