O recuo do PSDB ao não apresentar pedido de impeachment causou uma reação violenta dos movimentos que lideram protestos contra o governo Dilma Rousseff.

É que a decisão de protocolar na Procuradoria-Geral da República apenas uma representação contra a presidente acusando-a de crime comum em função das chamadas "pedaladas fiscais" do governo, foi considerada insatisfatória e uma traição aos milhões de eleitores que votaram no PSDB no ano passado.

O MBL (Movimento Brasil Livre) e o Revoltados Online atacaram o senador Aécio Neves e o PSDB: “Aécio Neves, traiu o Brasil”; "PSDB é farinha do mesmo saco". "Aécio está sendo um covarde, cúmplice desse governo corrupto, e a mando do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O PSDB reagiu e descobriu (fiquei pasmo!) que os ataques têm um “pendor ditatorial” e “mostra ignorância política”, com o que eu concordo. Aliás, os protestos mostraram, majoritariamente, desconhecimento político e jurídico sobre o momento brasileiro e as denúncias de corrupção que envolvem governo, políticos, partidos e a Petrobras.

A decisão quanto ao recuo dos tucanos passa por uma estratégia do governador paulista Geraldo Alckmin. Ele deseja afastar qualquer crise política porque precisa de governabilidade, do apoio do governo federal e mira ser candidato a presidente em 2018.

Neste ponto, Alckmin não pode deixar serem vitoriosos os interesses do seu adversário dentro do partido, Aécio Neves. Simples assim.

Tal pensamento tem um imenso sentido político. Qualquer eventual tese de impeachment apressaria as discussões sobre a sucessão presidencial. E tudo que o governador de São Paulo necessita é de tempo para governar.

Essa é a queda de braço. Um quer pressa, o outro precisa de tempo.

E Lula aguarda o tempo passar para decidir se é ou não candidato.

“Tempo, tempo, tempo, tempo. És um senhor tão bonito. Tempo Tempo Tempo Tempo. Compositor de destinos. Vou te fazer um pedido...”, como diz a música de Caetano Veloso, Oração ao Tempo.