Não se sabe se o comportamento de um tem relação com a situação do outro, mas enquanto o deputado Galba Novaes (PRB) dava vexame na sessão de ontem na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), seu filho e vereador Galba Netto (PRB) comunicava sobre ameaças que sofreu por apresentar projeto de lei que proíbe a execução dos chamados paredões de som automotivo em Maceió, acima do limite permitido. O destempero do pai, que tem buscado o embate pelo embate na ALE, é inversamente proporcional à esta atuação pontual do filho, que propôs e viu ser aprovado um projeto que objetiva impor limites ao convívio urbano e à poluição sonora.

Ao propor e aprovar limites legais para o uso dos absurdos paredões – que impõem à sociedade uma música geralmente de péssimo gosto –, o vereador e a Câmara de Maceió atuou no foco de uma violência que faz diversas vítimas no cotidiano do alagoano. Para se ter um exemplo claro do quanto os paredões e o uso exagerado dos sons automotivos incomodam, basta verificar as estatísticas oficiais de ocorrências dos últimos carnavais. Segundo a Secretaria de Defesa Social e Ressocialização (Sedres), foram registradas 547 ocorrências de perturbação do sossego ou trabalho alheio no carnaval de 2015. Um crescimento de 56,7% com relação ao período carnavalesco de 2014.

O vereador que recorreu à Sedres para que investigue ameaças de morte sofridas contra ele e sua família, via redes sociais, tem que ter o apoio da sociedade para seguir atuando com medidas efetivas para estabelecer limites aos conflitos na capital do Estado onde mais se mata no Brasil. Se os usuários de paredões não se adequam à necessidade de respeitar os demais cidadãos e se sentem criminalizados pela imposição de limites à rotina de desrespeito, não devem achar que a ameaça de morte será tolerada.

Os criminosos que ameaçaram o vereador deveriam ser investigados não apenas pelas mensagens deixadas no perfil do Facebook de Galba Netto. Porque talvez seja encontrado algum outro ilícito com participação destes indivíduos, que talvez tenham encontrado nos paredões, no desrespeito ao sossego alheio e na ameaça a forma mais conveniente de exaltar uma virilidade que é reprimida fora do cotidiano festivo da ostentação de sua estupidez.

Quanto ao pai de Galba Netto, poderia contribuir mais, se agisse de forma propositiva, sem deixar de apontar irregularidades e ilegalidades que identificar na Assembleia Legislativa. Galba Novaes deve lembrar dos limites de tempo e decoro impostos ao uso da tribuna do Legislativo. E pode se espelhar no seu filho, que bem sabe que não adianta ultrapassar os limites em decibéis para obter o reconhecimento de uma atuação cidadã.