Após boatos de mortes dos bebês internados na Maternidade Santa Mônica, o reitor em exercício da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), Paulo Medeiros, negou a morte de bebês durante transferência da Santa Mônica para outras unidades hospitalares em Maceió na noite de ontem. Medeiros afirmou que acompanhou, nesta manhã, o estado de saúde dos bebês transferidos para o Hospital Geral do Estado (HGE) e todos estão instalados adequadamente.

Medeiros disse que a transferência feita em decorrência à falta de energia elétrica foi uma situação de alto risco, no entanto, destacou o apoio das equipes médicas em garantir a vida de todos os pacientes. Dos 17 recém-nascidos, 10 estão instalados no HGE, dois no Hospital Arthur Ramos, dois na Unimed, dois no Hospital do Açúcar e um no Hospital Nossa Senhora da Guia.

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A assessoria do Hospital Arthur Ramos informou ao CadaMinuto que o estado de saúde dos bebês internados na unidade é estável. Já o HGE comunicou que a situação dos recém-nascidos é considerado grave.

A reportagem do CadaMinuto esteve na sede da Maternidade Santa Mônica onde conversou com alguns funcionários. Os servidores confirmaram que quatro bebês faleceram desde quando ocorreu o retorno das atividades na Santa Mônica. O último óbito, segundo um funcionário que preferiu não se identificar, ocorreu na manhã de ontem antes da falta de energia.

As informações sobre os óbitos não são confirmados pela direção da Maternidade e nem pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). 

A transferência do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes para a Maternidade Escola Santa Mônica ocorreu no dia 02 de fevereiro e foi muito questionada pelo Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), que chegou a confeccionar um relatório condenando as condições de atendimento na maternidade.

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 Cremal garante que situação foi de risco

O presidente do Cremal, Fernando Pedrosa, disse ao CadaMinuto que verificou no local, na noite de ontem, que a situação de risco foi ampliada pela demora e por procedimentos arriscados que foram feitos durante a transferência. Um exemplo é que crianças prematuras ficaram sendo ambuzadas (ventiladas mecanicamente com um aparelho de plástico) com a mão e no escuro.

“Isso pode funcionar em minutos, em pouco tempo. Mas foram cerca de quatro ou cinco horas. Não poderia acontecer, porque arrebenta com o trato respiratório dos bebês. Porque a mão não produz uma pressão adequada ao que os frágeis pulmões prematuros podem suportar; nem se sabe se a pressão é suficiente ou não para manter a oxigenação. Não sabemos que dano pode ter ocorrido. Tomara que não tenha havido dano nenhum e que as pessoas tenham conseguido fazer isso no escuro”, relatou Pedrosa.

"Mas hoje amanhecemos em um dia muito pior, pois não temos disponibilidade em canto nenhum, para os bebês que venham a nascer. Porque está tudo montado na rede privada. E eu diria ainda que, se for nascer o filho de alguém que paga seu convênio, não tem vaga. Porque todas as vagas da rede privada foram ocupadas pelos bebês oriundos da Santa Mônica ", emendou o presidente do Cremal.

Falta de comunicação

A interdição da Santa Mônica ainda gerou outro problema. Como a decisão de transferência as mães de bebês que estão internadas não foram comunicadas.

Um exemplo é da dona de casa Maria Josefa da Silva, que veio de Murici visitar a filha de um ano e que apresenta problemas respiratórios, mas não a encontrou. Ela foi informada no local que a menina foi transferida ontem para o Hospital Arthur Ramos. “Cheguei aqui e me disseram que ela não está. Tomei um susto porque ninguém me avisou nada. Saí cedo de Murici, sem comer, estou com uma fome triste aqui e esperando o carro da secretaria de saúde (Murici) para visitar a minha filha”, afirmou.