O ano de 2014 não será lembrado por avanços econômicos, pelo contrário, vários setores reclamam que saem prejudicados e temendo o próximo ano. Além de eventos que fugiram do calendário, como a Copa do Mundo, eleições e feriados prolongados, o ano que termina foi marcado pela forte estiagem, que comprometeu a produção sucroalcooleira, a crise financeira, que arrebatou as finanças municipais, e o próprio Estado, que extrapolou em mais da metade a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Para o professor universitário e economista Fábio Guedes no âmbito estadual o primeiro trimestre de 2015 deve apontar como a nova gestão estadual irá trabalhar. A crise mundial continuará a lançar efeitos no país, mas mesmo com um cenário pouco animador, o economista diz que o comércio do Nordeste seguirá com desempenho acima da média nacional. Ele alerta que setores como bens e consumo e construção civil deverão sofrer uma diminuição no ritmo.
“O único elemento que ainda persistirá e atormentará a economia brasileira é a crise internacional que continua sem solução no curto e médio prazo. Os empresários alagoanos dos ramos de comércio e serviços terão um ano muito difícil pela frente, mas uma situação mais favorável que, por exemplo, o que a realidade no Sudeste do país já aponta, em termos relativos”, explica.
Grande parte dessa tensão negativa parte das expectativas lançadas sobre o novo governo estadual. Mas Guedes afirma que será necessário esperar alguns meses para conseguir entender e sentir os resultados e quais serão as prioridades na agenda do governo.
“De qualquer maneira, é bastante confiante a situação política atual de que possamos engatar uma segunda marcha de força, para resolver alguns dos principais problemas que afligem a economia alagoana, a saber: baixa qualificação de sua mão de obra, ampliação dos investimentos em infraestrutura e aceleração dos investimentos já contratados com o Governo Federal”, disse.
Com relação à economia nacional, parte da visão negativas dos operadores de mercado e dos segmentos empresariais foi aguçada com o anúncio antecipado da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, que permanece com Alexandre Tombini na Presidência do Banco Central, Nelson Barbosa como Ministro do Planejamento e Joaquim Levy na Fazenda.
“A nova equipe econômica parece comprometida com uma política econômica de ajuste fiscal e controle inflacionário mais intenso. Dentro do espectro político da ciência econômica, é uma equipe bastante conservadora. Entretanto, não esqueçamos que ela não vai agir independentemente, fora dos limites das estratégias defendidas, até aqui, pelo governo que prioriza a ampliação das políticas públicas de resgate da cidadania da maioria da população brasileira e objetiva diminuir os alarmantes níveis de desigualdade de renda e riqueza que ainda persistem”, analisa.
Para Fábio Guedes, o maior desafio será fazer a economia brasileira crescer sem que haja pressão sobre os índices inflacionários, com uma política econômica mais rígida, que não comprometa os gastos com políticas sociais nem nos investimentos públicos tidos como estratégicos e que foram tidos como bandeiras nos protestos de junho de 2013.
“A dinâmica das atividades comerciais, por consequência, derivará dos resultados alcançados pela política macroeconômica que será adotada em 2015. Há muitas expectativas em torno disso. Entretanto, podemos afirmar que pior que 2014 este novo ano não deve ser. Esse ano foi permeado de eventos que não estão no calendário do próximo, como Copa do Mundo, paralisações somadas aos feriados e eleições. O único elemento que ainda persistirá e atormentará a economia brasileira é a crise internacional que continua sem solução no curto e médio prazo”, conclui.